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Os testes em massa para detectar o novo coronavírus começarão a ser feitos a partir da semana que vem, o que vai resultar em salto no número de casos da doença. A informação foi repassada pelo secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (6).
“Hoje temos cerca de 100 mil exames aguardando resultado nos Laboratórios Centrais (Lacen)”, ressaltou, emendando que essa fila será zerada. Segundo Wanderson, o ministério trabalha com inúmeras parcerias e a deve realizar nos próximos meses 24 milhões de testes. Foram registradas 8.536 mortes e 125.218 pessoas infectados pelo novo coronavírus no Brasil até esta quarta.
O secretário ainda relatou que se reuniu com o Conselho Nacional de Secretários Estaduais e o Conselho Nacional de Secretários Municipais para desenvolver um projeto denominado “estratégia nacional de vigilância epidemiológica laboratorial do coronavírus no Brasil”, desenhado pelo ministro da Saúde, Nelson Teich. O projeto, entre outros pontos, prevê a realização de testes para entender o padrão da pandemia no país e com isso identificar focos de transmissão.
A estratégia, denominada “Diagnosticar para cuidar”, é dividida em duas etapas. Uma delas é a chamada “Confirma Covid-19”, para que sejam feitos testes moleculares, ou seja, que precisam ser analisado em laboratório. A outra é a “Testa Brasil”, que é o “teste da gotinha”, sorológico, feito com uma gota de sangue retirada da ponta do dedo.
Na prática serão cinco fases operacionais. As pessoas com sintomas leves, moderados ou graves serão testadas com RT-PCR (teste molecular). Os assintomáticos serão testadas pelo método sorológico, com o teste rápido: utilizando uma gota de sangue ou imunoenzimático, pelo soro. Este último estará disponível em junho.
A maior parte das pessoas apresenta sintomas depois de dois dias de infecção, com tosse e fadiga, segundo o secretário. Essas pessoas serão testadas com o RT-PCR pelo projeto “Confirma Covid-19”, para detectar o vírus. A partir do oitavo dia de infecção, a contagem do vírus cai e o teste mais eficiente é o rápido, para detectar anticorpos.
A Universidade de Pelotas, em parceria com o IBGE, está utilizando testes rápidos em 133 municípios do país para detectar a velocidade de expansão da infecção, determinar o percentual de assintomáticos ou subnotificados e obter estatísticas mais precisas sobre a letalidade.
Testes em fases
A massificação dos testes é a nova etapa da estratégia da Saúde. A primeira fase foi a da implantação, quando a pasta distribuiu os primeiros 47 mil testes (janeiro, fevereiro e março). A segunda etapa compreende as parcerias público-privadas, quando laboratórios começam a oferecer os testes (abril, maio).
A fase três consiste na ampliação da testagem, por causa da maior circulação do vírus (junho, julho e agosto). Espera-se que sejam feitos quase 70 mil testes por dia durante a terceira fase – serão 13 milhões de RT-PCR e 8 milhões de sorológicos.
A grade de distribuição de testes do Ministério da Saúde será realizada da seguinte forma nos próximos meses. Em maio, serão completados 1,5 milhão de testes. Em junho e julho, mais 4 milhões de testes em cada mês.
Em agosto, começa uma desaceleração da testagem: serão 3,2 milhões, seguidos de 3,1 milhões de testes por mês em setembro, outubro e novembro. Em dezembro serão 3 milhões de testes. Segundo Wanderson de Oliveira, a quantidade de testes também dependerá da disponibilidade de insumos para realizá-los.
A fase quatro (setembro, outubro) da nova estratégia coincide com o período de desaceleração da doença. Já a quinta etapa (novembro e dezembro) será marcada pela análise dos legados da pandemia e distribuição dos equipamentos que foram usados durante a pandemia para equalizar a infraestrutura da rede de saúde.
Rede nacional de coleta de dados sobre síndrome gripal
O SUS coletará e deixará registrado em seu sistema dados sobre pacientes que apresentem sintomas de Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O Ministério da Saúde também fez uma parceria com IBGE para que durante a PNAD Contínua seja feito um monitoramento nacional sobre a Covid-19 no país.
Daniela Ribeiro, secretária do Ministério da Saúde, afirma que já foram realizados 48 milhões de atendimentos não presenciais pelo SUS, seja telefone (136), chatbot, aplicativo, buscas ativas com ligações do ministério e acompanhamento dos casos, em que os profissionais entre em contato periodicamente com os pacientes.