Coleta de amostra de teste do tipo RT-PCR para diagnóstico de Covid-19.| Foto: AFP
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O Ministério da Saúde distribuiu mais de 13 milhões de testes para o diagnóstico da Covid-19. O investimento feito é de quase R$ 300 milhões, segundo o painel de insumos da pasta. Com o aumento no número de infectados – mais de 3 milhões de brasileiros atualmente – e a interiorização da doença, o ministério anunciou em junho a intenção de realizar 46,4 milhões de testes (cerca de 22% da população), mas não definiu um prazo para que isso ocorresse.

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Apesar de terem sido distribuídos 13 milhões de exames, foram realizados até agora 9,34 milhões de testes no Brasil – conta que inclui o sistema público e também os cinco maiores laboratórios privados de análises clínicas do país. Desse total, 3,81 milhões foram RT-PCR (moleculares), considerado o “padrão ouro” pelos especialistas. E os outros 5,53 milhões foram testes sorológicos – cuja eficácia é criticada por parte da comunidade médica.

Os dados foram apresentados no boletim da Semana Epidemiológica 32, pelo secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, durante entrevista coletiva na quarta-feira (12). As informações foram registradas na plataforma e-SUS Notifica e não consideram o número de testes sorológicos do Paraná e do Espírito Santo, que não estão conectados no sistema de informação nacional.

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Testagem em massa caminha com lentidão

Depois de quase seis meses do início da pandemia no país, a meta da testagem em massa está longe de ser alcançada.

Em fevereiro, quando o primeiro caso de infecção pelo Sars-Cov-2 no Brasil foi registrado, a pasta esbarrou em dificuldades para a importação de testes e insumos necessários para realizá-los. Com poucos testes disponíveis nos primeiros meses de enfrentamento da Covid-19, a indicação inicial era de que apenas casos graves fossem testados.

A estratégia adotada pelo governo atualmente, com o programa “Diagnosticar para Cuidar”, pretende testar também os casos leves da doença. A expectativa é de que sejam feitos 24,5 milhões de diagnósticos com exames moleculares (12% população) e 22 milhões de testes sorológicos (10% população).

“No Brasil a testagem está indo bem devagar, mas está sendo ampliada nos testes rápidos, que teriam uma performance, vamos dizer, muito ruim”, afirma Raquel Stucchi infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Ela explica que os testes rápidos ou os sorológicos servem pouco do ponto de vista individual e são utilizados para se ter um panorama aproximado de qual seria a porcentagem de pessoas que estiveram expostas em uma localidade específica, na qual é feito o inquérito sorológico.

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Segundo a infectologista Raquel Stucchi, o RT-PCR é o mais confiável para fazer o diagnóstico da presença do vírus, para então definir ações que podem resultar na contenção da doença, como isolamento e o teste de pessoas próximas e daqueles com quem o infectado teve contato.

Faltam testes no Brasil?

O Ministério da Saúde diz que o Brasil tem à disposição testes suficientes. De acordo com Greice Madeleine do Carmo, diretora de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde, os estados e os Laboratórios Centrais (Lacens) são os responsáveis por realizarem a solicitação dos testes com antecedência e o “ministério tem um sistema de logística que envia isso, caso seja necessário, em horas”.

“Não faltam testes, inclusive o ministério tem um estoque muito grande de testes que estão armazenados em temperatura adequada. E, como nem todos os estados possuem um grande local de estocagem, o ministério envia os testes conforme o estado vai utilizando e vai sendo necessário repor”, afirmou a diretora, durante coletiva no dia 5 de agosto.

O diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Marcos Espinal, afirmou na última terça-feira (11) que o Brasil ainda tem "uma alta taxa de positivos nos testes para Covid-19, em alguns estados de mais de 20%" do total realizado.

Diante disso, ele afirmou que é "crucial continuar a implementar" testes, aumentando sua disponibilidade em solo nacional. "É preciso garantir que os testes estejam amplamente disponíveis para a população", ressaltou.

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Espinal disse ainda que alguns dados recentes poderiam mostrar que a curva de contágios no Brasil caminharia para um "achatamento". Segundo ele, porém, os números do país também sugerem "inconsistência" e mostrariam a necessidade de que se aumentem os testes para haver um panorama mais claro sobre a doença. "Não pensemos que o Brasil está fora do problema", advertiu.

Raquel Stucchi, consultora da SBI, afirma que apesar da testagem anunciada pela pasta, não foram enviados “um montante expressivo de insumos para fazer RT-PCR”.

A Gazeta do Povo perguntou ao Ministério da Saúde se existe uma data para que os testes do programa "Diagnosticar para Cuidar" sejam realizados e mais detalhes sobre o programa de testagem brasileiro. Mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

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Qual é a diferença entre os tipos de testes?

A realização do teste RT-PCR é recomendado até o oitavo dia de sintomas. O material é colhido com um swab de nasofaringe (uma espécie de cotonete longo que colhe secreção do nariz e da garganta). O exame identifica a presença do vírus na pessoa.

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Já os testes sorológicos podem ser de duas formas: os rápidos, por meio de imunocromatografia (que pode ser feito com uma gota de sangue, sem precisar de equipamento laboratorial) e os testes realizados em laboratório, conhecidos com "Elisa" ou "Eclia", que funcionam melhor quando feitos a partir do oitavo dia de início dos sintomas.

Os testes sorológicos identificam a presença de anticorpos associados ao coronavírus. Ou seja, mostram se a pessoa já se infectou em algum momento. São menos precisos que os exames do tipo PCR.

Além do teste em si, também é preciso levar em conta os sintomas do paciente, ressalta a infectologista Raquel Stucchi. O próprio ministério liberou o diagnóstico da doença usando critérios clínicos de análise dos sintomas que podem ser considerados clássicos da Covid-19.

Cuidados básicos são indispensáveis

Além dos testes, os cuidados básicos não devem ser deixados de lado, ressalta Raquel Stucchi. “Independente de resultado de teste positivo ou negativo, ainda não tem tratamento efetivo comprovado, nem vacina. Mesmo com a flexibilização, o vírus continua circulando. Então as medidas de distanciamento social, o uso correto de máscaras e a higienização frequente das mãos, são nosso mantra do dia a dia”, afirma.

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Coronavírus se espalha pelo Brasil

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