O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou nesta terça (20) a retirada da transcrição e reproduções de diálogos entre advogado e investigados no inquérito relacionado à abordagem ao ministro Alexandre de Moraes e seus familiares no aeroporto internacional de Roma, em julho do ano passado.
A decisão foi uma resposta ao pedido feito pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no último final de semana, que solicitou a preservação do sigilo das comunicações entre cliente e advogado, respeitando as prerrogativas da categoria.
“O ministro atendeu o pedido da OAB para que a conversa entre cliente e advogado tenha o sigilo preservado em respeito às prerrogativas da categoria”, informou o STF à Gazeta do Povo.
O ministro justificou a decisão destacando a jurisprudência da Suprema Corte sobre a inviolabilidade do sigilo entre advogado e cliente, ressalvando casos de indícios de prática criminosa, o que não foi constatado neste processo.
"Apontam os peticionantes, com razão, que as comunicações travadas entre o advogado e seu cliente, ora investigado, encontram-se no âmbito do exercício do direito de defesa. Nesse contexto, aplica-se ao caso concreto o entendimento desta Corte no sentido de que não podem ser reveladas ou utilizadas tais comunicações", escreveu Toffoli na decisão a que a Gazeta do Povo teve acesso.
Por outro lado, Toffoli impôs sigilo provisório aos autos do inquérito e determinou que os trechos que citam os diálogos sejam tarjados.
"Devem ser retiradas tais comunicações, no caso de estarem em mídias ou documentos autônomos dos autos E tarjadas quando incorporadas a texto", completou o ministro.
A solicitação foi feita pelo advogado Ralph Tórtima, responsável pela defesa do empresário Roberto Mantovani e seus familiares, que são alvos do inquérito aberto no STF para investigar a confusão ocorrida entre um grupo de turistas brasileiros e o ministro Moraes em Roma.
A Polícia Federal concluiu que Mantovani cometeu injúria real contra o filho de Moraes durante o incidente. No entanto, as investigações foram encerradas sem indiciar ninguém, devido a uma instrução normativa que veda o indiciamento para crimes de menor potencial ofensivo, como a injúria real.
Nos autos do inquérito, foram incluídas análises do conteúdo dos celulares apreendidos durante a investigação, que incluíam orientações da defesa ao empresário. A defesa de Mantovani solicitou a retirada das conversas do processo, alegando violação do sigilo profissional.
Alinhada à mesma interpretação, a OAB acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o STF contra a exposição das comunicações, classificando o episódio como uma “ofensa grave às prerrogativas da classe”. Além da retirada das conversas dos autos, a entidade pede a punição criminal do delegado responsável pelo caso, Hiroshi de Araújo Sakaki.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF