O Brasil rompeu nesta quarta-feira (24) a trágica marca de 300 mil mortes pela Covid-19 em pouco mais de um ano de pandemia. Mais precisamente 300.685 vidas foram perdidas para a doença causada pelo novo coronavírus, o Sars-Cov2. O número total de infectados no país já soma 12.220.011. Nas últimas 24 horas, o boletim diário do Ministério da Saúde confirma 2.009 novas mortes e 89.992 novos casos. Veja a trajetória de avanço da doença no Brasil e no mundo.
Para se ter uma ideia da dimensão do total de óbitos: é como se todas as pessoas que moram em cidades como Palmas, no Tocantins, ou Limeira, no interior de São Paulo, morressem ao mesmo tempo. Ou ainda a metade da população de Joinville (SC).
Nessa escala, os números já não são distantes de todos nós, brasileiros. Estão no relato da vizinha que perdeu o marido, no da prima que mora longe ou mesmo no condomínio ou na nossa rua. Direta ou indiretamente, a maioria da população perdeu alguém ou conhece quem tenha perdido.
Muitas dessas mortes ocorreram em meio ao colapso hospitalar e à falta de assistência médica necessária. Hospitais enfrentam a falta de leitos de UTI e de enfermaria, e pacientes aguardam em filas enormes por uma vaga para receberem atendimento. Faltam insumos, medicamentos para intubação, equipamentos de proteção individuais (EPIs) adequados, oxigênio medicinal. Os profissionais da saúde e as equipes de apoio estão esgotados. As famílias sofrem para conseguir um tratamento de saúde digno aos seus entes queridos.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou no dia 17 de março, que o Brasil enfrenta o "maior colapso sanitário e hospitalar da história". Em meio a um cenário de incerteza, a Fiocruz sugeriu na véspera que que 24 estados e o Distrito Federal restrinjam todas as atividades não essenciais por 14 dias. As únicas exceções ao pedido foram o Amazonas e Rondônia.
Além das dificuldades de atendimento, o Brasil convive com o avanço de novas variantes do vírus, como a de Manaus, que estudos já mostraram ser mais transmissível, e o ritmo lento da vacinação diante da falta de doses.
Mortes por Covid-19: descontrole da pandemia no Brasil tem reflexo no mundo
O descontrole da pandemia tem reflexos no mundo — o país se tornou o epicentro da emergência sanitária. Na última sexta-feira (19), o Brasil completou o período de duas semanas como o país com mais mortes diárias pela Covid-19 no mundo, apontam dados da plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford (Reino Unido). Nessa última semana, o Brasil foi responsável por 27% dos óbitos de todo o planeta. O país ultrapassou os Estados Unidos na sexta-feira (5), quando registrou 1,8 mil novos óbitos (ante 1.763 dos EUA). A partir daí, a diferença só aumentou.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, na semana passada, ter grande preocupação com a letalidade e a transmissão do vírus entre os brasileiros. “Se o Brasil não for sério, continuará afetando sua vizinhança — e além”, afirmou Tedros Adhanom, diretor da OMS. “Muitos estão caminhando na direção certa, mas não é o caso do Brasil”, criticou Mark Ryan, da cúpula da OMS.
A vacinação contra a Covid-19 até o momento ocorre a conta gotas: apenas 15,2 milhões de pessoas receberam – contabilizando primeira e segunda doses – a vacina, de acordo com a Our World in Data. Os números absolutos da vacinação colocam o Brasil como o quarto no ranking de imunização.
As indicações para evitar o contágio ainda são as mesmas: utilizar máscara sempre que precisar sair de casa e, se possível, usar máscaras com maior capacidade de filtragem como a PFF-2 e a N95; higiene constante das mãos com água e sabão ou álcool em gel; distanciamento social e, para as pessoas que podem, ficar o máximo possível em casa neste momento de avanço da pandemia.
O tamanho da tragédia sanitária vivida pelo Brasil
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