Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Sistema Eletrônico

Tribunais terão “alarme” que avisa quando preso deve deixar sistema penitenciário

Conselheiro do CNJ afirma que Sistema Eletrônico de Execução Unificada (SEEU) deve ser implementado até dezembro em todo o país (Foto: Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ)

Para tentar resolver o problema da superlotação dos presídios no Brasil, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aposta na ajuda da tecnologia. Até o final do ano, segundo o órgão, todos os estados brasileiros vão precisar digitalizar os processos de execução penal de todos os presos e cadastrá-los em uma plataforma nacional online. O Sistema Eletrônico de Execução Unificada (SEEU), além de funcionar como uma espécie de cadastro nacional de presos, também vai avisar, em tempo real, quando um preso passar a ter direito de deixar o estabelecimento penal.

O programa foi desenvolvido pelo Tribunal de Justiça do Paraná e sua implementação a nível nacional é uma das principais ações do programa Justiça Presente, parceria entre o CNJ, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) para enfrentar o “estado de coisas inconstitucional” do sistema carcerário brasileiro, apontado pelo Supremo Tribunal Federal, em 2017.

Segundo o juiz-coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (DMF) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luís Geraldo Lanfredi, o sistema vai permitir um controle de quem são os presos no Brasil e detalhes sobre o perfil dessas pessoas.

“Todas as informações sensíveis da vida criminal e dos processo em tramitação de um condenado vão fazer parte desse sistema. E o sistema devolve, uma vez alimentado dessas informações, uma calculadora com todos os direitos no prazo específico em que devem ser contemplados e usufruídos”, explica Lanfredi.

“Essa comunicação para o juiz dentro do processo eletrônico é automática, ela desperta alertas que fazem com que a unidade judicial e o juiz sejam automaticamente e imediatamente comunicados quando esses benefícios surjam para que haja uma intervenção judicial a tempo e no modo e na maneira mais adequada de fazer isso, algo que até hoje se realizava na ponta do lápis ou então sistemas que não tinham uma preocupação integral como desta com a qual o SEEU está se ocupando”, destaca o juiz auxiliar do CNJ.

O SEEU já é utilizado ou está em fase de implementação em 18 estados brasileiros e possui mais de 750 mil processos em tramitação. A meta do CNJ é que todos os estados estejam integrados ao sistema até 31 de dezembro.

Além de avisar em tempo real aos juízes responsáveis pela execução penal quando um preso tem direito a deixar a prisão, o SEEU permite o uso de filtros que vão permitir a realização de mutirões carcerários virtuais. “Ou seja, os mutirões poderão ser feitos agora nesta plataforma eletrônica, contemplando aqueles que já estejam em condições de benefício”, ressalta Lanfredi.

Para o juiz auxiliar do CNJ, o uso da ferramenta vai ajudar o Poder Judiciário a diminuir o problema da superlotação nos presídios do Brasil. “A um só tempo nós não vamos ter mais aquelas ocorrências típicas de pessoas que ficam mais tempo que o devido dentro de estabelecimento prisional, e também vamos poder antecipar e programar situações específicas que já mereçam um abono do Estado na condição dessa pessoa de poder voltar ao convívio social”, destaca Lanfredi.

O sistema também vai permitir ao Poder Judiciário traçar um perfil mais exato dos presos no país. “Isso vai nos permitir, portanto, não só estabelecer estudos adequados, mas a partir dessas informações, políticas mais consistentes que possam diminuir em grande parte a vulnerabilidade que essas pessoas têm e que muitas vezes causa a situação facilitadora para a prática de crimes”, avalia o coordenador do DMF.

Projeto vai cadastrar a biometria de todos os presos do Brasil

Depois de implementar o SEEU em todos os estados, o CNJ vai iniciar um projeto para cadastrar a biometria de todos os presos que estão no sistema carcerário no Brasil. A biometrização está prevista para começar no ano que vem e tem como objetivo não apenas a identificação dos presos.

“Nós não temos uma segurança efetiva das pessoas que estão ali dentro. E nós vamos obtê-las através da identificação biométrica, mas com outro sentido, ou com sentido ainda mais amplo do que simplesmente a identificação, que é propiciar, através da identificação biométrica, um conjunto de documentos que permita a essa pessoa ao final, deixando o estabelecimento prisional, que ela tenha um conjunto de documentos que possa lhe permitir o exercício dos atos da vida civil”, explica Lanfredi.

Para o juiz auxiliar do CNJ, a medida vai contribuir para a ressocialização daqueles que deixam o sistema carcerário. Lanfredi defende o investimento em uma rede assistencial de apoio para quem termina de cumprir pena, para diminuir a reincidência.

Justiça Presente: projeto do CNJ com a ONU

A implementação do SEEU e a biometrização dos presos estão entre as medidas adotadas pelo programa Justiça Presente, do CNJ. O programa é resultado de uma parceria firmada entre o CNJ e o  Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD).

O objetivo do Justiça Presente é a redução da superlotação; o uso da tecnologia para promoção da cidadania; implementação de medidas voltadas à promoção da cidadania nos espaços prisionais e da política de reinserção social para presos; e atenção ao sistema socioeducativo.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.