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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), assim como outros tribunais, tem divulgado exaustivamente o I Prêmio Nacional de Jornalismo do Poder Judiciário em seus canais na internet. No caso do TSE, entretanto, há também o uso de impulsionamento pago para aumentar o alcance da divulgação do prêmio para os veículos.
Um post patrocinado analisado pela reportagem, que foi publicado 12h38 desta segunda-feira (18), já havia alcançado 190 mil contas na rede social X (ex-Twitter) às 17h desta terça (19). A título de comparação, o perfil do TSE na plataforma fez 14 publicações sem impulsionamento no mesmo dia sobre temas como "a origem dos ministros do TSE", "violência política de gênero" e explicação de regras eleitorais.
O alcance orgânico (usuários alcançados de forma espontânea, sem investimento financeiro) de todos esses conteúdos juntos é de pouco mais de 12 mil usuários. Ou seja, a verba pública aplicada na postagem trouxe para uma única publicação alcance quse 16 vezes maior do que todas as postagens de um dia inteiro somadas.
A reação de usuários da plataforma à publicação foi predominantemente crítica. "Nossa, sério isso? Lá vai mais grana do contribuinte para fazer propaganda do TSE?", diz um dos comentários. "O prêmio será para o jornalista que mais passou pano pelas vezes em que Alexandre de Moraes rasgou a Constituição", questiona outro usuário. "TSE comprando, como se precisasse, apoio na imprensa", comenta outro perfil.
Na gestão do ministro Alexandre de Moraes na presidência, o TSE, de forma semelhante ao Supremo Tribunal Federal (STF), tem investido consideravelmente na melhoria de sua imagem para aumentar o prestígio entre os brasileiros. A premiação a veículos de imprensa, lançada em setembro deste ano, dialoga com esse objetivo.
A medida consiste em agraciar "trabalhos jornalísticos que divulguem o papel do Poder Judiciário na promoção da cidadania". A iniciativa busca, segundo o edital, incentivar a imprensa a promover "mediação do debate público das esferas judiciais com o jurisdicionado" e a "estreitar a relação entre os tribunais, demonstrando força e união na defesa da democracia e da lei maior".
Além do TSE e do STF, os demais tribunais do país também integram a iniciativa. Haverá uma comissão julgadora em cada tribunal para avaliar os trabalhos jornalísticos, representando significativos custos financeiros na tentativa de melhorar a percepção da sociedade em relação ao Judiciário.
Para concorrer no eixo do STF, por exemplo, o jornalista terá que "destacar a atividade jurídica do STF ou a importância da Constituição Federal para garantia de direitos e a integridade da ordem democrática". O prêmio para o finalista será um troféu confeccionado e um certificado assinado pelos presidentes dos tribunais.
Avaliação em baixa
A realização do prêmio ocorre em um momento em que cresce a reprovação ao STF pelos brasileiros. Levantamento do instituto Datafolha divulgado no dia 9 de dezembro aponta que 38% dos entrevistados consideram o desempenho da corte como ruim ou péssimo. Em dezembro de 2022, este número era de 31%.
O Datafolha registra ainda que a aprovação dos magistrados caiu 4 pontos porcentuais. Para 27% dos entrevistados, a atuação dos ministros pode ser considerada ótima ou boa. Na pesquisa divulgada há um ano, esse número era de 31%.
Outros 31% avaliam o trabalho do Supremo Tribunal Federal como regular (em dezembro de 2022, eram 34%). Outros 4% não souberam responder.
Dois dias após a divulgação do levantamento, o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, minimizou os números afirmando que o “valor de um tribunal não pode ser aferido em pesquisa de opinião”.
Posicionamento TSE
A Gazeta do Povo questionou o TSE e o STF sobre os recursos financeiros investidos na divulgação do prêmio pelas redes sociais e em quais plataformas houve financiamento. O STF afirmou que a divulgação não está sendo impulsionada. Já o TSE, que optou por patrocinar as postagens, não respondeu à reportagem.