O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que foi alvo de críticas do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, foi convidado nesta segunda (11) para uma visita ao país para se tentar avançar em um acordo para “alcançar uma paz abrangente, justa e duradoura”.
O convite foi feito ao ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) pelo homólogo Andrii Sibiga durante um telefonema à tarde, em paralelo à entrega de novas credenciais do embaixador brasileiro em Kiev, Rafael de Mello Vidal.
“No âmbito do nosso diálogo regular, conversei com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, sobre a nossa cooperação bilateral e os esforços para alcançar uma paz abrangente, justa e duradoura”, disse Sibiga pelas redes sociais.
O governo ucraniano afirmou entender o esforço do Brasil em mediar a busca por uma solução de paz ao conflito travado com a Rússia, junto do governo da China, que tem uma relação mais próxima com Vladimir Putin. Vidal afirmou que Zelensky reconheceu “o empenho do governo brasileiro de sair da zona de conforto para buscar uma saída, não cruzar os braços”.
“Está se criando um momento de melhor comunicação. A Ucrânia entende o empenho do governo Lula. E o governo brasileiro entende as áreas sensíveis para a Ucrânia, sobretudo a afirmação da integridade territorial e as garantias de segurança. O Brasil na ONU sempre se posicionou contra o colonialismo e o imperialismo”, disse o embaixador em entrevista à Folha de S. Paulo.
Ainda de acordo com ele, o líder ucraniano também reconheceu que o Brasil no grupo do Brics pode chegar a uma relação com Putin “que muitos não conseguem”. “É um ativo que o Brasil pode oferecer para a paz”, completou.
Em um momento recente, Zelensky criticou Lula por não condenar com veemência a invasão russa ao território ucraniano, e que o presidente brasileiro faz “retórica política” ao pregar uma neutralidade.
“Não é uma fala honesta. Não é honesta nem conosco nem com o povo brasileiro. Porque todo mundo sabe quem iniciou essa guerra”, disparou Zelensky em entrevista ao jornal O Globo.
No entanto, passados quase três meses, Rafael de Mello Vidal diz que a diplomacia brasileira vem mantendo contato com os dois lados do conflito para facilitar um processo de negociação. “É um pré-plano, uma série de medidas de confiança mútua para garantir uma moldura para as negociações”, pontuou.
Ele ainda afirmou que ainda é cedo para saber como o conflito entre Rússia e Ucrânia vai evoluir com a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. O republicano já disse repetidas vezes que pode acabar com a guerra, mas sem sinalizar como e em quais condições entre os dois lados.
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