Colocado em liberdade desde o dia 6 de setembro, em regime semiaberto com uso de tornozeleira, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto está trabalhando na sede paranaense da Central Única dos Trabalhadores (CUT) junto com outro ex-tesoureiro da legenda, Delúbio Soares. Os dois dividem uma pequena sala no prédio da CUT localizado no bairro São Francisco, em Curitiba.
Vaccari estava preso desde abril de 2015. Parte da pena foi cumprida no Complexo Médico-Penal (CMP), em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, de onde ele saiu no último 6 por decisão da juíza Ana Carolina Bartolamei Ramos, da 1ª Vara de Execuções Penais de Curitiba.
O ex-tesoureiro do PT foi condenado pela primeira vez na Lava Jato pelo então juiz Sergio Moro, em novembro de 2015. Posteriormente, o ex-tesoureiro do PT foi condenado em outras ações. No total, Vaccari respondeu a cinco processos pela Lava Jato. Em dois deles foi absolvido por falta de provas e, em outro, a pena de 24 anos foi extinta, beneficiado por um indulto. Ele também foi condenado em primeira instância em mais dois processos. Além das ações que já foram julgadas, Vaccari responde a outras 12 ações penais nas justiças do Paraná, São Paulo e do Distrito Federal.
Tanto Vaccari como Delúbio têm agendas movimentadas na sede da CUT Paraná, conforme mostram imagens e notícias veiculadas no site e páginas da entidade em redes sociais. No dia 16 de setembro, os dois ex-tesoureiros aparecem em foto no Facebook ao lado do presidente da Central Sindical das Americas (CSA), Rafael Freire, durante visita do dirigente sindical à sede da CUT Paraná. Na foto, eles exibem com as mãos o “L” símbolo de campanhas eleitorais passadas de Lula e da atual campanha “Lula Livre”.
Poucos dias depois do encontro com Freire, no dia 19, Vaccari e Delúbio participaram da recepção ao ex-prefeito de São Paulo e candidato à Presidência da República nas últimas eleições, Fernando Haddad. Na ocasião da visita de Haddad, os dois ex-tesoureiros posaram para fotos ao lado de dirigentes sindicais e assessores da central. Estavam presentes a presidente da CUT Paraná, Regina Cruz, o secretário-geral da central, Márcio Kieller, e dirigentes de sindicatos e federações.
Procurada, a CUT Paraná, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que a presidente da entidade estava em trânsito e não podia ser contatada naquele momento. Com isso, a entidade não forneceu informações sobre os horários de trabalho de Vaccari e de Delúblio. Não foram informados também os tipos de contrato dos dois ex-tesoureiros nem os salários de cada um.
Reportagem do jornal O Globo, deste domingo (22), afirma que Vaccari presta assessoria para a presidência da CUT Paraná, além de fazer análises de conjuntura e manter contatos com sindicalistas. A reportagem recorda que, em 2013, quando Delúbio foi contratado pela CUT em Brasília, a informação que circulou era de que o ex-tesoureiro receberia R$ 4,5 mil por mês. Já Vaccari é aposentado bancário.
Nota do PT
No dia em que Vaccari deixou a prisão, o PT divulgou nota por meio da qual reitera que Vaccari “não participou da arrecadação de recursos para campanhas eleitorais nem cometeu crime”. Como já havia afirmado em outras ocasiões, o partido reitera que, como secretário de Finanças, “prestou contas ao partido e à Justiça Eleitoral, com absoluta correção. Em todas as ações a que teve de responder jamais foram provadas as denúncias dos procuradores nem as falsas acusações negociadas por eles com criminosos confessos”.
Segundo fontes próximas aos dirigentes petistas, Vaccari goza de alto prestígio na cúpula do PT por não ter aceito acordo de delação premiada. O partido tem insistido que Vaccari é vítima de injustiças. “Vaccari manteve a dignidade e jamais abriu mão de defender sua inocência, lutando exclusivamente com as armas da verdade e do Direito. Recebeu, durante todo esse tempo, a solidariedade do Partido dos Trabalhadores e de quem conviveu com ele na luta, na militância, no movimento sindical dos bancários e na CUT”, ressalta a nota do PT.
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