O Brasil negocia a aquisição de pelo menos seis vacinas diferentes para imunizar a população contra a Covid-19.
No Ministério da Saúde, o discurso é de que o governo comprará a primeira vacina segura que chegar ao mercado. A pasta estima que a primeira remessa de vacinas deve estar disponível no primeiro semestre de 2021 e que, inicialmente, vai contemplar o grupo de risco da doença, que será definido pelos aspectos epidemiológicos, de eficácia e de segurança do imunizante a ser utilizado.
Confira como estão as tratativas para adquirir esses imunizantes e quais são os resultados de casa vacina:
Vacina da Universidade de Oxford
O governo federal tem um acerto para compra e produção no Brasil da vacina da Universidade de Oxford e do Laboratório AstraZeneca (Inglaterra/Suécia) – que nesta segunda-feira (23) anunciou que o imunizante, além de ser seguro (sem reações adversas sérias), produz uma imunização média de 70% e que pode alcançar até 90% dependendo da dosagem.
A vacina da Universidade de Oxford e da AstraZeneca é a principal aposta do governo brasileiro. Foram investidos cerca de R$ 2 bilhões para comprar 100 milhões de doses desta vacina, além de equipar a Fiocruz para produção do imunizante no território nacional.
O contrato entre o governo brasileiro e laboratório Astrazeneca, parceiro da Universidade de Oxford, é de US$ 250 milhões e está limitado inicialmente a 100,4 milhões de doses, totalmente destinadas a entregas ao Ministério da Saúde e ao Sistema Único de Saúde (SUS). Pelo acerto, o Brasil também vai produzir a vacina na Fiocruz, que terá a capacidade de produzir mais 110 milhões de doses ao longo do segundo semestre de 2021.
A estimativa é que a vacinação com o imunizante da Universidade de Oxford comece em março. "Não vai haver uma aplicação em massa da vacina", explica Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz. "Terá de haver algum critério de priorização, mas isso ainda não foi definido.
Ao preço de US$ 3,16 a dose, essa é considerada uma das mais baratas quando comparada às demais negociações que seguem em curso no mundo". Segundo ela, "no 2.º semestre, já com a produção inteiramente nacional, serão mais 110 milhões de doses. Um total de 210 milhões de doses em duas etapas".
Vacina Coronavac
Já o governo de São Paulo tem parceria com o laboratório chinês Sinovac para importar e também produzir no Instituto Butantan a vacina Coronavac.
O governo federal chegou a firmar um protocolo de intenções com o Butantan para comprar o imunizante "chinês" produzido no Brasil. Mas o presidente Jair Bolsonaro mandou cancelar esse protocolo – o que formalmente ainda não foi feito.
Ainda assim, ainda não se sabe se a Coronavac será distribuída apenas pelo governo de São Paulo ou também pela União – caso o imunizante se mostre seguro e eficaz.
Até agora, resultados preliminares das pesquisas indicaram que a vacina é segura. Mas a eficácia da Coronavac ainda não foi divulgada – o que deve ocorrer em dezembro.
O governo paulista recebeu na quinta-feira passada (19) o primeiro lote com 120 mil doses da vacina chinesa. Há expectativa de mais 14 milhões de doses em fevereiro. No total, o governo de São Paulo espera ter 46 milhões de doses do imunizante.
Vacinas da Pfizer/Biontech, da Johnson & Johnson, da Rússia e da Índia
Ao longo da semana passada, técnicos do Ministério da Saúde se reuniram com representantes de laboratórios que pesquisam outras vacinas para negociar a aquisição dos imunizantes.
Os encontros foram com representantes da Pfizer/Bointech (EUA/Alemanha), do laboratório Janssen (braço da empresa Johnson & Johnson, dos EUA), do Instituto Gamaleya (da Rússia, que desenvolve a Sputnik V) e da empresa indiana Bharat Biotech (que desenvolve a vacina Covaxin).
A vacina da Pfizer/Biontech é a que está em fase mais avançada. Além de ser segura, na semana passada informou ter 95% de eficácia. Os dois laboratórios avisaram que já podem começar a produzir o imunizante para vacinação em massa.
Na terça-feira (24), a Rússia informou que Sputnik V é segura e tem eficácia de mais de 95% após a segunda dose. As pesquisas iniciais do imunizante (fases 1 e 2) da Janssen também indicaram que ele é seguro e criou anticorpos em 98% dos voluntários (o que não necessariamente significa que eles estão imunizados). Ainda falta a fase mais importante do estudo, que irá efetivamente dizer qual é o grau de eficácia da vacina e sua segurança. Ainda não há dados divulgados sobre a vacina da Índia, cuja pesquisa entrou recentemente na fase 3 (a última dos estudos).
Vacinas do consórcio da OMS
O Brasil também integra a Covax Facility, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a distribuição de imunizantes licenciados. O Brasil espera receber doses para 10% da população por meio desse consórcio internacional liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O país investiu R$ 2,5 bilhões para entrar na Covax Facility – que ainda não definiu quais vacinas o consórcio terá a sua disposição.
Em seu relatório mais recente, divulgado no dia 3 de novembro, a OMS informou que há 202 vacinas sendo desenvolvidas para combater o novo coronavírus. Dessas, 47 estão em avaliação clínica – ou seja, iniciaram os testes em humanos, sendo que dez estão na fase 3, a última antes da conclusão. São cerca de cem mil voluntários participando dos testes.
As outras 155 vacinas estão em um momento inicial, de identificar o agente causador e realizar testes em animais, como camundongos, por exemplo.
Em tese, o consórcio poderá ter qualquer um desses imunizantes a disposição, caso se mostrem seguros e eficazes.
Imunizante da Pfizer traz desafios de logística
No caso da vacina da Pfizer, um dos desafios será obter o produto – a empresa já fechou acordo com mais de 30 países, entre eles os Estados Unidos, que já compraram 100 milhões de doses antecipadamente.
Outra questão logística diz respeito ao armazenamento e transporte da vacina, que requer temperaturas de menos 70 graus Celsius para ela se manter estável.
Segundo fontes do Ministério da Saúde, uma dúvida no governo é sobre como garantir o armazenamento de vacinas que exigem essas temperaturas baixíssimas. Uma alternativa apresentada pela Pfizer é usar embalagens com gelo seco para manter os imunizantes refrigerados por mais dias.
“A alternativa que a empresa oferece é transportar as vacinas em contêineres especiais com gelo seco, que manteriam a vacina viável por 15 dias. E o produto ainda se mantém estável por mais cinco dias em um freezer normal”, diz infectologista Edson Moreira, coordenador do estudo da Pfizer no Brasil. Para esse transporte, é necessário que haja recarga do gelo seco e que as caixas não sejam abertas mais do que duas vezes por dia.
“É um desafio. Mas é o tipo do problema que estávamos loucos para ter de enfrentar. Até pouco tempo atrás não tínhamos vacina, um problema maior”, afirma o médico.
A Pfizer pedirá à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o registro emergencial no Brasil, assim que a Food and Drugs Administration (FDA, órgão americano que cuida desse tipo de procedimento) der a liberação nos Estados Unidos.
O registro emergencial significa que a vacina começará a ser usada sem que a fase três tenha sido totalmente concluída. Os voluntários serão acompanhados ainda por mais dois anos para que se possa estabelecer a duração da eficácia do imunizante. Cientistas consideram que, em uma pandemia, essa informação se torna secundária.
Em comunicado na quarta-feira (18) a farmacêutica disse que fez proposta ao governo brasileiro e informou que teria condições de "imunizar milhões de brasileiros" no 1.º semestre de 2021. A empresa informou ainda ter feito "uma proposta ao governo brasileiro em linha com os acordos fechados em outros países, inclusive na América Latina, que permitiria vacinar alguns milhões de brasileiros no primeiro semestre, sujeita à aprovação regulatória".
*Com informações de Estadão Conteúdo
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