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Covid-19

Estados recebem 3 vezes mais vacinas do que outros na média por habitante; veja levantamento

Caixa com vacinas contra a Covid-19
Atraso no cronograma de vacinação por parte do governo federal fez com que governantes locais buscassem alternativas para a compra de imunizantes. (Foto: Gilson Abreu/AEN)

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A distribuição de doses das vacinas de Oxford/AstraZeneca e Coronavac para os estados brasileiros tem se tornado motivo de reclamação por parte de governadores em diversas regiões do país. Os governantes se queixam que os critérios para a partilha dos imunizantes não são claros e alguns deles têm se sentido prejudicados nessa divisão. A Gazeta do Povo fez um levantamento que mostra, de fato, uma desproporção no fornecimento doses por habitante. Por esse critério, alguns estados chegaram a receber mais que o triplo de doses do que outros.

Um exemplo é o comparativo entre os estados do Pará (PA), o que tem a maior média de doses por habitante, e Roraima (RR), o com a menor média.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o governo paraense recebeu, em números absolutos, 414.040 doses de vacinas contra a Covid-19 para uma população estimada em 8,748 milhões de habitantes, de acordo com informações mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Proporcionalmente, isso dá uma dose para cada 21,1 habitantes.

No caso de Roraima, o estado recebeu 102.020 doses dos imunizantes para uma população estimada de 634.027 pessoas, o que corresponde a uma dose da vacina para cada 6,2 habitantes – ou seja, mais que o triplo se compararmos a proporção de doses por pessoa.

Atualmente os dois estados estão com taxas distintas na ocupação de leitos de UTI adulto para pacientes com Covid-19, sendo o Pará com 76% e Roraima com 97,1% de ocupação, segundo dados do Observatório da Covid-19, organizado pela Fiocruz.

A média brasileira é de uma dose para cada 13,7 habitantes – ou seja, bem acima da média de Roraima, mas bem abaixo da do Pará. O Brasil inteiro já recebeu 15.423.886 doses das duas vacinas usadas atualmente. E tem uma população de 212.763.955, segundo estimativa do IBGE.

Ministério usa "taxa de risco" para distribuir doses das vacinas

Ainda em dezembro, quando o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 começou a ser formulado, o Ministério da Saúde informou que a distribuição das vacinas seria realizada de modo proporcional à população de cada estado. Posteriormente, em janeiro, o ministério informou que também se basearia em uma "taxa de risco" de infecção – ou seja, estados onde a epidemia estivesse em um estágio mais crítico seriam privilegiados.

“Eu determinei que houvesse uma taxa de risco colocada na distribuição para que um estado que tivesse mais risco, nas contaminações, pudesse ter algo mais de entregas. E, o que estivesse com menos risco pudesse ter a quantidade necessária para iniciar o trabalho”, afirmou na época o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Estados com situação epidemiológica muito parecida, porém, não receberam doses equivalentes. Foi o caso, por exemplo, de Paraná e Rio Grande do Sul. A desproporção entre os dois estados do Sul continua atualmente, um mês e meio após o início da vacinação. Os gaúchos receberam do governo federal uma dose para cada 12,3 habitantes. Já os paranaenses, uma dose para cada 16,3 moradores do estado. E ambos os estados seguem numa situação praticamente idêntica de evolução da pandemia, com alta de casos e internações e iminente colapso do sistema de atendimento a contaminados por Covid-19.

Em janeiro, a Gazeta do Povo procurou o Ministério da Saúde para explicar os critérios da "taxa de risco" na distribuição das vacinas, mas a reportagem não obteve retorno. Agora, novamente a pasta foi procurada para explicar a distribuição dos imunizantes aos estados.

O Ministério da Saúde informou, em nota, que a partilha das doses da vacina contra a Covid-19 seguem critérios técnicos previamente estabelecidos no Plano Nacional para Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19: riscos de agravamento e óbito pela Covid-19, visando a redução da morbimortalidade causada pelo coronavírus, bem como a manutenção do funcionamento da força de trabalho dos serviços de saúde e a manutenção do funcionamento dos serviços essenciais.

Sobre a "taxa de risco", a pasta informou que a orientação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é que as doses disponibilizadas sejam destinadas àqueles grupos que, inicialmente, já apresentam maior risco de exposição, complicação e óbito devido pela Covid-19, conforme grupos elencados no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19. "A definição dos grupos foi realizada com base nas análises epidemiológicas, evidências científicas e nas discussões com especialistas no âmbito da Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis, pautadas também nas recomendações do SAGE - Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (em inglês, Strategic Advisor Group of Experts on Immunization), da Organização Mundial da Saúde", diz a nota da pasta.

O Ministério da Saúde informou ainda que a adoção de outras prioridades que tratam da população alvo pode implicar no prejuízo das ações de vacinação.

Veja a tabela completa da distribuição de doses por estado

Dados: Ministério da Saúde / IBGE

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