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Sucessão no STF

Governo apressa indicação do substituto de Celso de Mello. Saiba quem são os favoritos

Ministro Celso de Mello anunciou que irá antecipar sua aposentadoria no STF em duas semanas.
Ministro Celso de Mello anunciou que irá antecipar sua aposentadoria no STF em duas semanas. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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A antecipação da aposentadoria do ministro Celso de Mello, precipitou a corrida pela substituição do atual decano do Supremo Tribunal Federal (STF). Integrantes do Palácio do Planalto já admitem que o presidente Jair Bolsonaro está avaliando nomes para suceder Mello e que o Senado, com o apoio do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pode fazer uma força-tarefa para apreciar o possível indicado até dezembro.

Dois nomes largam na frente pela disputa à vaga de Celso de Mello: o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira. O ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra Filho corre por fora.

Nesta sexta-feira (25), Celso de Mello anunciou que vai deixar o STF no próximo dia 13 de outubro. A princípio, sua aposentadoria estava marcada para o dia 1º de novembro, quando completa 75 anos de idade e deve se aposentar compulsoriamente. O meio político foi surpreendido com a antecipação da aposentadoria de Mello e agora o Palácio do Planalto quer aproveitar essa janela de oportunidade para escolher o quanto antes o substituto do atual decano.

Em virtude da pandemia do coronavírus e da necessidade de votação do Orçamento federal do ano que vem, imaginava-se que o substituto de Celso de Mello somente seria homologado pelo Senado no início de 2021. Porém, com essa mudança de cenário, integrantes da liderança do governo no Senado e membros do Palácio do Planalto admitem que há a possibilidade concreta do substituto de Mello ser avalizado pela Casa até a primeira quinzena de dezembro.

“Não existe vácuo de poder. E o meu sentimento é que o Senado tem todas as condições para concluir o processo de substituição do próximo ministro antes mesmo do Natal”, disse o vice-líder do governo, senador Chico Rodrigues (DEM-RR). “Eu também acho possível avalizar o nome do substituto de Celso de Mello ainda esse ano”, concordou outro vice-líder do governo, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF).

Entenda o processo de substituição do novo ministro do STF

O processo de substituição de um ministro do Supremo Tribunal Federal começa a partir da indicação feita pelo presidente da República. Depois, essa indicação precisa ser avalizada por sabatina realizada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, composta por 27 membros, e depois pelo plenário. O nome do próximo ministro precisa ser aprovado tanto pela CCJ quanto em plenário por maioria simples.

Em meio à pandemia do coronavírus, os senadores acreditam que ocorra com o futuro indicado à vaga de Celso de Mello algo semelhante com o que aconteceu essa semana, quando os nomes de 32 autoridades — a maioria embaixadores — foram homologados pelo Senado após a adoção de novos protocolos de segurança, como a instalação de totens de álcool em gel e sistema de votação drive-thru, por exemplo. Entre as autoridades estava, por exemplo, a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Maria Thereza de Assis Moura que foi aprovada para o cargo de corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A Gazeta do Povo apurou que, após a confirmação de que Celso de Mello iria antecipar sua aposentadoria, o presidente do Senado garantiu ao presidente Bolsonaro que iria fazer o possível para acelerar o processo de substituição do decano.

Perfil conservador de futuro ministro é pré-requisito número 1 para Bolsonaro

Entre os possíveis ministeriáveis no STF, dois despontam como favoritos conforme fontes do Palácio do Planalto: os ministros André Mendonça e Jorge Oliveira. Outro nome citado com boas chances é do ministro Ives Gandra Martins Filho, ex-presidente do TST. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) João Otávio de Noronha e o juiz federal da Lava Jato Marcelo Bretas correm por fora e com chances diminutas, conforme fontes palacianas.

Bolsonaro já deixou claro que pretende começar uma guinada conservadora no Supremo a partir da substituição de Celso de Mello. A ideia é buscar um equilíbrio de forças progressistas e conservadoras na Suprema Corte. Hoje, todos os ministros são vistos como progressistas e resistentes a pautas mais alinhadas a um pensamento conservador, como a proibição do aborto, por exemplo.

O projeto do presidente Jair Bolsonaro é possibilitar que a Suprema Corte tenha uma maior pluralidade de pensamento. Em caráter reservado, um assessor palaciano afirmou que “quando o presidente fala em indicar um ministro ‘terrivelmente evangélico’ não é ao pé da letra. Mas mostra uma preocupação com uma linha de pensamento que hoje inexiste no STF”.

Além de ser conservador, o presidente quer colocar no STF um homem cristão, que seja considerado confiável e que apoie o combate à corrupção. Neste aspecto, o presidente não necessariamente pretende indicar um “lavajatista” no Supremo. O Palácio do Planalto alerta que entre um juiz conservador e não-lavajatista e outro progressista e lavajatista, o presidente da República optará pelo primeiro. Outra preocupação do presidente é com sua militância interna. O presidente vai escolher um ministro que também seja bem-quisto junto à sua base política.

Até o momento, o nome de André Mendonça é o que desponta com maiores chances para o lugar de Celso de Mello. Evangélico, Mendonça é visto como homem de confiança do presidente, mas pesa contra a resistência da militância bolsonarista, que enxerga nele um homem pouco confiável, após ele fazer acenos públicos ao atual Supremo.

Dos possíveis novos ministros, Jorge Oliveira é o mais próximo do presidente. Apesar de ser amigo de Bolsonaro, ele tem como fatores negativos a resistência da militância a “falta de saber jurídico” para um cargo desta envergadura. Nos bastidores, ele tem buscado convencer o presidente de que suas funções na Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ) são o suficiente para assumir o STF. Dois ministros já passaram pela SAJ: Dias Toffoli e Gilmar Mendes.

Ives Gandra Filho está bem cotado nas "bolsas de aposta"

O terceiro nesta corrida é o ministro Ives Gandra Martins Filho. Seu nome passou a circular fortemente nas últimas semanas, mas o fato de ter pouca relação com Bolsonaro é visto como fator negativo. Conservador e cristão, Ives Gandra Filho poderia ser visto como símbolo da guinada pretendida por Bolsonaro, segundo integrantes do governo,

Outro nome ventilado é do juiz federal William Douglas. Ele tem apoio de líderes evangélicos na Câmara que também buscam emplacar um nome assumidamente conservador para a Suprema Corte. Deputados da bancada evangélica acreditam que a indicação de Douglas também seria um ativo importante para ratificar o apoio do presidente à sua base parlamentar.

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