O auxílio emergencial voltou a gerar discórdia entre o governo e o Congresso. O presidente Jair Bolsonaro deve formalizar nos próximos dias a proposta de prorrogar o benefício em mais três parcelas, uma de R$ 500, outra de R$ 400 e a última de R$ 300. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), queria mais duas parcelas de R$ 600 cada. Em ambos os casos, o custo para os cofres públicos será de cerca de R$ 100 bilhões.
“Então serão R$ 1.200 em 3 parcelas, basicamente deve ser dessa maneira. Deve ser. Estamos estudando: R$ 500, R$ 400, e R$ 300”, disse Bolsonaro na sua transmissão on-line semanal da última quinta-feira (25). O presidente não confirmou quando deve formalizar sua proposta ao Congresso, mas deve ser em breve, pois a terceira parcela do auxílio começou a ser paga no fim de semana a parte dos beneficiários.
O auxílio foi criado inicialmente para ser pago somente em três parcelas de R$ 600 (ou R$ 1.200 para mães solteiras) a partir de abril. Só que a pandemia e as medidas de isolamento social em diversos estados duraram mais tempo do que o esperado e o governo e o Congresso concordaram em pagar o auxílio por mais tempo, para diminuir o impacto da crise sobre os informais.
Governo quer três parcelas decrescentes
Ao propor a renovação do auxílio, a ideia do governo é fazer uma redução escalonada do valor para diminuir o impacto aos trabalhadores quando o benefício for de fato extinto. Também daria tempo para o governo preparar seus programas de renda básica e de emprego, que devem garantir renda às pessoas que hoje recebem o auxílio emergencial. O objetivo é criar esses programas ainda neste ano, logo após o fim do auxílio emergencial.
O programa de renda básica, chamado até o momento de Renda Brasil, vai substituir o Bolsa Família e outras políticas sociais por um auxílio a ser pago mensalmente à parcela mais vulnerável da população. O valor deve ficar um pouco acima do que é pago aos beneficiários do Bolsa Família. O programa de emprego será similar à extinta Carteira Verde e Amarela e o público-alvo serão os trabalhadores informais por necessidade.
Maia quer mais duas parcelas de R$ 600
Rodrigo Maia defende mais duas parcelas de R$ 600 cada na prorrogação do auxílio emergencial. “Eu continuo defendendo duas parcelas de R$ 600 e uma discussão rápida nesses 60 dias do governo com Congresso Nacional para uma renda mínima permanente. Acho que é renovar por dois meses e construir o caminho para a renda mínima permanente, para que a gente não tenha daqui 60 dias a mesma pressão, correta e de urgência que a gente tem hoje, de necessidade do auxílio”, disse em coletiva de imprensa na última quinta-feira.
Segundo Maia, esse é também o desejo da maioria da Casa. “R$ 500, mais R$ 400, mais R$ 300 dão duas [parcelas] de R$ 600. Eu não estou entendo onde está o problema até agora [pro governo não topar renovar o auxílio em duas parcelas de R$ 600]”, retrucou o presidente de Câmara.
Por que a discórdia?
O problema está no mecanismo de prorrogação. Se o governo formalizar sua proposta de renovação em três parcelas em valores decrescentes, vai ter de enviar um projeto de lei (PL) ou uma medida provisória (MP) ao Congresso. Se a decisão for prorrogar por o auxílio no valor atual, de R$ 600, bastaria um decreto presidencial.
O que acontece é que a lei que criou o auxílio emergencial permite a prorrogação enquanto durar o estado de calamidade pública, ou seja, até dezembro de 2020, desde que no mesmo valor da parcela paga atualmente. Para propor um novo valor, o governo precisa mudar a lei e, portanto, enviar um PL ou editar uma MP. Esse PL ou MP terá que necessariamente ser aprovado pelo Congresso e há chances de os parlamentares mudarem o valor proposto.
Governo pode sair derrotado...
As chances de o Congresso mudar a proposta do governo existem, segundo Maia. Ao ser questionado se há risco de serem aprovadas três parcelas de R$ 600 se o governo enviar três em valores decrescentes, ele respondeu: "Acho que sim”.
Parte do Senado também concorda em continuar pagando R$ 600. “Não prorrogar o auxílio emergencial, e em R$ 600, significa empurrar milhões de brasileiros para as ruas e para a doença. A economia certamente não se beneficiará com mais medo e mais mortes. Nunca é demais lembrar que o auxílio emergencial mantém aquecido o comércio de bens e serviços básicos, e que parte do gasto volta ao Estado na forma de arrecadação”, afirmou o senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL) à Agência Senado.
...mas Centrão pode ajudar
O que pode contar a favor do governo é o apoio de parte do Centrão, bloco informal do Congresso formado por partidos de direita e centro. Esse bloco tem um número expressivo de parlamentares e parte deles passou a compor a base de apoio do governo em troca de cargos públicos.
O deputado Arthur Lira (PP-AL), principal líder do Centrão, defendeu a renovação do auxílio em valor menor, como quer o governo. “Nós defendemos um auxílio para além da pandemia, em um valor menor. Sabemos que são muitas as dificuldades dos mais vulneráveis e que tais dificuldades não irão terminar quando a crise sanitária arrefecer”, escreveu em seu perfil no Twitter.
Lira também está de acordo em criar um programa de renda básica para substituir parcialmente o auxílio emergencial. “O vírus irá embora mas não os problemas causados por ele. Podemos pensar em um valor perene para os próximos anos”, completou.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião