Vanué Faria, sobrinho do dono do Grupo Petrópolis, Walter Faria, admitiu, em depoimento à Polícia Federal, que a cervejaria gerou dinheiro em espécie, como se fosse um "banco", para a Odebrecht, mediante pagamentos no exterior. Ele reconhece inclusive seu usuário no sistema Drousys, que controlava o departamento de propinas da empreiteira. No entanto, nega saber do destino dos valores em espécie.
O depoimento foi prestado nesta sexta, 2, mesma data em que a juíza Gabriela Hardt prorrogou por mais cinco dias - até dia 6 - a prisão de Vanuê, de Cleber Faria e do advogado Silvio Pelegrini. Eles são alvo da Operação Rock City, Lava Jato 62. O dono da cervejaria continua foragido, e é alvo de prisão por tempo indeterminado. O Grupo é suspeito de lavar R$ 329 milhões para a Odebrecht.
Segundo Vanuê, "como o Grupo Petropolis não precisava mais de tanto dinheiro no exterior, mas ao mesmo tempo a ODEBRECHT continuava precisando de valores em espécie no Brasil, houve uma reunião entre ele, Walter Faria e o então executivo da Odebrecht Benedicto Júnior, o BJ".
Neste encontro, que teria sido em meados de 2008, ele diz que "surgiu então a possibilidade de serem realizadas doações eleitorais em nome da Odebrecht, o que foi aceito".
Segundo Vanuê Faria, "depois de 2008 não foram realizadas apenas doações eleitorais, ao que tenha a lembrança, mas continuou a disponibilização de valores em espécie, assim coexistindo com o novo padrão adotado, qual seja, o de doações eleitorais".
O sobrinho de Walter Faria diz que "era cobrado um percentual em cima dessas doações, uma correção, como se o GP fosse um banco". Ele disse ainda que "havia uma conta corrente entre as empresas". O grupo Odebrecht determinava apenas para quem seriam realizadas as doações e elas eram efetuadas.
Ele detalha que "eram realizadas operações conhecidas como dólar-cabo tanto para a Odebrecht como para outras pessoas" e ainda que "sabia que seu tio Walter Faria fazia câmbio para outras pessoas, mas isso via uma casa de câmbio do Rio de Janeiro".
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