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O vazamento nesta quarta-feira (19) de um vídeo de câmeras de segurança, que mostra o general Marco Edson Gonçalves Dias circulando no Palácio do Planalto em meio a manifestantes, dá argumentos para oposicionistas afirmarem que houve negligência do governo de Luiz Inácio Lula da Silva nos atos de vandalismo de 8 de janeiro. Mas, ele também favorece alas do governo a quem não agrada o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ser chefiado por um militar. Gonçalves Dias pediu demissão nesta tarde e o presidente já aceitou.
Até a noite desta quarta não havia informações sobre a origem do vazamento do vídeo. Fontes ligadas a Gonçalves Dias afirmaram à reportagem suspeitar que a divulgação do vídeo no mesmo dia em que o general participaria de audiência na Câmara pode ter ter sido fruto de "fogo amigo" dentro do governo.
Alas governistas vêm tentado convencer o presidente Lula a colocar um administrador civil na chefia do Gabinete de Segurança Institucional desde que o presidente começou estruturar sua equipe. O discurso teria origem em membros do PT favoráveis à "desmilitarização" completa do governo.
O general falou em entrevista à GloboNews que foi ao Palácio após a invasão, que começou por volta de 15h. As imagens dele no vídeo datam de 16h45. Ele afirmou que tentou retirar manifestantes do terceiro andar do prédio, para que fossem detidos nos andares inferiores.
Disse ainda que as imagens do vídeo foram editadas para que ele aparecesse próximo a um militar que ofereceu água aos manifestantes.
O Gabinete de Segurança Institucional é responsável pela segurança do presidente e também por áreas sensíveis, como a segurança nuclear e cibernética do país.
Após a divulgação do vídeo, Gonçalves Dias colocou seu cargo à disposição de Lula. Ele foi substituído pelo civil Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, que acumula a chefia do GSI. Há a possibilidade que o chefe definitivo da pasta também seja civil.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que a equipe do GSI em 8 de janeiro era bolsonarista, mas não acusou diretamente Gonçalves Dias, que já trabalhou na segurança de Lula e também da ex-presidente Dilma Rousseff.