Derrotados nas urnas em meio à onda de renovação de 2018, muitos políticos tradicionais buscaram manter sua influência ao longo dos dois últimos anos de olho nas eleições de 2022. Na maioria dos casos, esses "velhos políticos" atuam nos bastidores e em seus redutos eleitorais, longe dos holofotes de Brasília, para viabilizar a volta ao poder.
Um dos velhos políticos que pretende disputar a eleição em 2022 é o ex-presidente do Senado Eunício de Oliveira (MDB-CE), que acabou ficando em terceiro lugar na disputa de 2018 e assim perdeu sua cadeira na Casa. Mesmo fora do Senado, o emedebista não deixou sua influência diminuir; e passou a opinar diretamente nas decisões e distribuições de verbas parlamentares do seu partido no Ceará.
A intenção de Eunício era assumir a presidência nacional do MDB. Mas, com o desgaste da derrota eleitoral, acabou perdendo a vaga para o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), afilhado político do ex-presidente Michel Temer. Com isso, dedicou os dois últimos anos a construir alianças em Fortaleza, visando voltar ao Congresso Nacional em 2022.
Nas eleições municipais do ano passado, por exemplo, o Eunício investiu do próprio bolso cerca de R$ 200 mil para bancar candidaturas de aliados em todo o Ceará. Segundo emedebistas próximos, a intenção do ex-senador era garantir a eleição de vereadores em cidades-chave do Ceará para conseguir apoio para sua candidatura a deputado federal no ano que vem.
Para aumentar seu capital político no estado, Eunício também se aproximou do governador Camilo Santana (PT). Desde então, vem posando para fotos ao lado do petista em eventos públicos e entregas de obras.
Jucá virou lobista em Brasília
Romero Jucá (RR) foi outro dos velhos políticos do MDB que ficou de fora do Senado após as eleições de 2018, depois de não conseguir renovar seu mandato pela quarta vez consecutiva.
Mesmo assim, Jucá apostou na sua experiência e relação com os políticos para seguir influente em Brasília. Por meio de uma empresa própria de consultoria, o ex-senador vem exercendo a atividade de lobista de empresas privadas na capital federal. Na carteira de clientes do ex-senador do MDB estão empresas da indústria, do comércio e bancos.
Além disso, Romero Jucá viu na eleição municipal do ano passado uma forma de eleger aliados que poderão servir de cabos eleitorais para o seu retorno ao Congresso em 2022. O emedebista conseguiu eleger seu correligionário Arthur Henrique para a prefeitura de Boa Vista, capital de Roraima.
Para os aliados, Jucá já admitiu que pretende concorrer ao Senado em 2022, além de lançar sua ex-esposa e aliada política Teresa Surita para uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Edison Lobão aposta no filho para 2022
Formando a trinca de ex-senadores do MDB, Edison Lobão agora atua politicamente no Maranhão, mas com o intuito de manter o seu clã político no estado. Aliado da família Sarney, o ex-senador vem costurando alianças para eleger seu filho, que também se chama Edison Lobão, para uma cadeira no Senado.
Lobão Filho assumiu o comando do diretório do PSL no Maranhão no segundo semestre do ano passado. E, desde então, vem contando com o auxílio do pai nas agendas políticas. A ideia do grupo é juntar o PSL e o MDB em um projeto para eleger, além de Lobão Filho ao Senado, algum aliado para o governo do Maranhão.
Jorge Viana articula aliança para facilitar sua volta ao Senado
Também derrotado em 2018, o ex-senador e ex-governador do Acre Jorge Viana (AC) usou sua influência dentro do Congresso Nacional para trabalhar como lobista. Mas, desde 2020, tem se concentrado em seu projeto político de voltar ao Senado.
Segundo pessoas próximas, Viana tem trabalhado para que o senador Sérgio Petecão (PSD) dispute o governo do Acre em 2022. Com isso, ele poderia levar o PT para a chapa de Petecão e assim ter mais chances com sua candidatura ao Senado.
Entretanto, as investidas de Viana não têm sido bem recebidas pelo atual governador do Acre, Gladson Cameli (PP), que pretende buscar sua reeleição. Até o momento, Petecão ainda não decidiu se pretende mesmo disputar a cadeira de governador, mas tem sinalizado que a candidatura pode ser viável, já que seu mandato como senador só termina em 2026.
Ex-governador e ex-senador, Perillo agora se contenta com a Câmara
Depois de governar o estado de Goiás por quatro vezes e de ter exercido um mandato como senador, Marconi Perillo (PSDB) amargou uma derrota em 2018 quando tentou novamente uma cadeira do Senado. Ficou apenas em quinto lugar. Em 2019, foi denunciado pela Lava Jato por supostamente ter recebido propinas da empreiteira Odebrecht.
O tucano é um dos principais adversários políticos do atual governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). Com o enfraquecimento político e o desgaste das denúncias na Justiça, Perillo já oficializou que será candidato em 2022, mas desta vez a deputado federal.
“Nós temos que ter muita segurança e dignidade para defender o nosso legado. Nós fizemos a diferença em Goiás. Tivemos um revés em 2018 por armação política. Tomaram o nosso mandato”, diz Marconi Perillo.
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