Em seu discurso na Reunião do Conselho do Mercosul, o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, foi enfático ao falar da situação da Venezuela. “É preciso reconhecer que existe um elefante na sala. O grande desafio que hoje se depara a nossa região é a recuperação da democracia em toda a região. E, nesse sentido, o grande desafio é a situação da Venezuela”.
Suspensa do bloco desde dezembro de 2016, após quatro anos de adesão, a Venezuela representa um desafio aos países-sócios do Mercosul, segundo Araújo. “O resto do mundo hoje olha a América do Sul com uma grande expectativa. Mas sempre a primeira pergunta é: ‘e a Venezuela?' É uma questão humanitária, mas é também um desafio político-econômico-social pra todos nós. É o grande obstáculo hoje para o atingimento de um cenário completamente diferente, promissor, para toda a América do Sul.”
O ministro brasileiro falou sobre os objetivos do Brasil durante os próximos seis meses, em que o país presidirá o Mercosul. “Dois documentos já adotamos. O acordo operativo de intercâmbio de informações migratório para o combate ao crime transnacional organizado. E o acordo sobre o mecanismo de cooperação consular que vai fortalecer os nossos serviços consulares”.
Em um documento distribuído pela chancelaria brasileira também aparecem como metas para o próximo semestre uma reforma institucional do bloco para torná-lo mais eficiente, enxuto e ágil. A revisão da Tarifa Externa Comum, TEC, é tida como prioridade pelo governo e considerada elevada para os padrões internacionais.
A integração do Mercosul com novos mercados também foi citado como prioridade. Ernesto Araújo falou sobre a conclusão de uma área de livre comércio entre todos os países da América do Sul, e que só falta a adesão do Suriname. Também citou as relações comerciais brasileiras com países da América Latina e Caribe. “Em 2018 nossas exportações totalizaram 45 bilhões de dólares e as importações, 28 bilhões de dólares. Um comércio essencial, de qualidade, que absorve quase 40% das nossas exportações totais de produtos manufaturados”.
O Brasil chega à presidência do Mercosul à frente de um bloco que mudou de status, segundo membros dos países-sócios. O acordo com a União Europeia fez com que o Mercosul deixasse de ser um bloco estático para viver um momento auspicioso, segundo Araújo e que “o Século XXI é o século do Mercosul.”
Comitiva presidencial
Dois presidentes já estão em Santa Fé para a Cúpula do Mercosul: Tábarez Vásquez, do Uruguai, e Mario Abdo Benítez, do Paraguai. O presidente da Argentina, Mauricio Macri, e do Brasil, Jair Bolsonaro só irão chegar à cidade na manhã desta quarta-feira (17).
Além de Bolsonaro, a comitiva presidencial contará com os ministros da Economia, Paulo Guedes; da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, além do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.