O pedido foi encaminhado a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia.| Foto: Nelson Jr./SCO/STF.
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Venezuelanos que moram no Brasil pediram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que reconsidere a decisão de não mandar observadores para as eleições no país vizinho. A Corte eleitoral tomou a decisão após o ditador Nicolás Maduro afirmar em um comício que as eleições no Brasil não são auditadas.

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A Rede de Organizações da Sociedade Civil Lideradas por Pessoas Migrantes e Refugiadas Venezuelanas no Brasil enviou, nesta sexta-feira (26), um ofício para a presidente da Corte eleitoral, ministra Cármen Lúcia, com o pedido.

“A presença de uma comissão técnica do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil seria de imensa importância para garantir a transparência e a lisura do processo eleitoral em nosso país”, disse o grupo.

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A entidade argumentou que o envio dos técnicos pelo TSE “representará um marco de solidariedade e cooperação internacional, além de contribuir para o fortalecimento dos processos democráticos em nosso país”. A eleição acontecerá neste domingo (28).

A rede destacou que os "recentes comentários desrespeitosos" de Maduro "não refletem, de forma alguma, o sentimento da maioria dos venezuelanos". "Nós, como povo, temos um profundo respeito pelas instituições brasileiras e pela sua tradição democrática exemplar", ressaltou a entidade.

Em junho, a Corte eleitoral havia recusado o convite do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para acompanhar a votação no país vizinho.

Porém, o Tribunal mudou de ideia e anunciou no último dia 17 que enviaria dois representantes para acompanhar as eleições presidenciais na Venezuela.

Maduro ironizou Lula e questionou eleições no Brasil

No dia 16 de julho, Maduro disse durante um comício que haverá um “banho de sangue” e uma guerra civil no país caso a oposição vença o pleito. O ditador tenta se manter no poder e disputa a reeleição. Ele assumiu o cargo em 2013, após a morte de seu padrinho político Hugo Chávez, que comandou o país por 14 anos.

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A campanha ocorre em meio a denúncias de prisão e perseguição de opositores, cerceamento da imprensa e de observadores internacionais. Uma semana depois, o presidente Lula (PT) disse ter ficado “assustado” com a declaração de Maduro.

O petista tenta reintegrar o país vizinho ao cenário internacional. Ele se reuniu com Maduro em diversas ocasiões para tratar das eleições e foi um dos fiadores do acordo com os Estados Unidos. Sem citar Lula, Maduro rebateu e mandou "quem se assustou" tomar chá de camomila.

TSE decidiu não enviar observadores a Venezuela

No mesmo dia, Maduro afirmou, sem provas, que os resultados das urnas eletrônicas do Brasil não são auditáveis. A declaração levou o TSE a desistir de enviar seus observadores para acompanhar a eleição na Venezuela.

"Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender [ao] convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo", informou o TSE em um comunicado.

Apesar da escalada das críticas de Maduro, Lula enviou seu assessor para assuntos internacionais, o ex-chanceler Celso Amorim, à Venezuela para acompanhar a eleição. Amorim foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores da ditadura chavista, Yvan Gil, nesta sexta (26).

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]