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Caso Marielle

Vice-presidente do PT defende irmãos Brazão; Anielle reage: “Repugnante”

Washington Quaquá
Quaquá disse que “não há sequer uma prova” contra os irmãos Brazão, suspeitos de serem os mandantes do assassinato de Marielle Franco. (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

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O vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, defendeu nesta quinta-feira (9) os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, apontados como os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ). Quaquá, que também é prefeito de Maricá (RJ), publicou uma foto com familiares dos Brazão nas redes sociais.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse que acionará a Comissão de Ética do partido e classificou o uso da morte de Marielle pelo dirigente como “repugnante”. Ela se filiou ao PT no ano passado.

Na legenda do post, Quaquá disse que recebeu “com muita dor no coração, mas muita consideração e solidariedade, a esposa e os filhos de Domingos Brazão”, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Chiquinho, que é deputado federal, e Domingos estão presos desde março de 2024.

“Eu quero afirmar o que já afirmei diversas vezes, porque não só conheço Domingos e Chiquinho Brazão, mas, além disso, li todo o processo e NÃO HÁ SEQUER UMA prova contra eles!”, escreveu o vice-presidente do PT.

“Não sou um rato que se esconde no esgoto para fugir da luz. Eu tenho honra e não vou trocar a verdade por medo de prejuízos de imagem! Deus, o cristianismo e o marxismo me ensinaram que só a verdade liberta, só a verdade e a realidade são critérios de validade!”, acrescentou.

O ex-policial militar Ronnie Lessa, réu confesso pela execução de Marielle e do motorista Anderson Gomes, firmou um acordo de delação premiada, no qual apontou os irmãos Brazão como mandantes do crime. Segundo Lessa, a vereadora era considerada uma “pedra no caminho” pelos Brazão, porque iria combater um loteamento na Zona Oeste do Rio conduzido pela milícia.

Para o prefeito de Maricá, “usaram a família Brazão de bucha de canhão para ocultar, inclusive, o fato de que o assassino brutal esteve um dia depois no condomínio onde moram Bolsonaro e seu filho. Isso foi deixado de lado pela investigação!”.

“Eu não vou assistir à dor desta família que vê dois entes queridos apodrecerem numa cadeia desumana, enquanto os assassinos confessos armam uma delação para reduzir a pena e viver numa boa, numa cadeia boutique. A verdade tem que ser defendida, até mesmo em honra à memória da Marielle!”, emendou.

Em março do ano passado, Quaquá já havia dito que era preciso cautela ao acusar os irmãos Brazão. Na época, o petista era deputado federal. “Não vou nem dizer nem que é inocente nem culpado. Não vi ainda provas cabais. Será uma surpresa negativa [se Domingos estiver envolvido], porque é um negócio brutal. Eu acho que não é hora de apontar nenhum inocente, sem que a gente tenha clareza de todas as circunstâncias”, disse em entrevista ao Estadão.

Anielle promete acionar Comissão de Ética do PT contra Quaquá

Anielle, irmã da vereadora, disse que a defesa dos irmãos Brazão por Quaquá é “inacreditável”, diante de tudo que a família dela e de Anderson passaram. A ministra afirmou que o dirigente do PT usa o caso de “maneira repugnante”.

“Inacreditável, depois de tudo que a gente passou, ver pessoas se aproveitarem e usarem o nome da minha irmã sem qualquer responsabilidade. Minha família e a de Anderson ainda choram todos os dias pelas nossas perdas e lutamos duramente para que a justiça começasse a ser feita”, disse Anielle.

“Vou protocolar nas instâncias do partido um pedido na Comissão de Ética para o dirigente que se utiliza desse caso de maneira repugnante e que é contra a postura do próprio governo e do partido. Tirem o nome da minha irmã da boca de vocês!”, acrescentou a ministra.

Gleisi repudia manifestação de Quaquá e isenta PT

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), repudiou as” manifestações de caráter exclusivamente pessoal do prefeito Washington Quaquá” e disse que o partido “luta desde o primeiro momento para que a Justiça seja feita por Marielle e Anderson”.

“Os irmãos Brazão respondem a ação penal no STF pela denúncia da Procuradoria Geral da República de serem os mandantes do assassinato de Marielle e Anderson. Encontram-se presos, conforme a lei, aguardando julgamento, instruído por investigações criteriosas da Polícia Federal que embasaram a denúncia e a abertura da ação penal por unanimidade dos ministros”, afirmou Gleisi no X.

“O PT luta desde o primeiro momento para que a Justiça seja feita por Marielle e Anderson, com punição para todos os criminosos, e repudia as manifestações de caráter exclusivamente pessoal do prefeito Washington Quaquá sobre os réus e o processo”, frisou.

Domingos e Chiquinho Brazão negam participação na morte de Marielle

Em julho, os irmão Brazão participaram de uma audiência na Câmara dos Deputados e alegaram ser "vítimas" de uma suposta armação. Domingos disse que não chegou a conhecer a vereadora. Já Chiquinho afirmou que mantinha uma relação “maravilhosa” com Marielle quando os dois atuaram na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.

Ao prestar depoimento em outubro, Domingos chegou a dizer que Lessa fez um “mal maior” à sua família do que à de Marielle. “Se esse homem tivesse me matado no lugar da Marielle, ele teria causado um mal menor à minha família. O que ele está fazendo com a minha família é um mal maior do que se ele tivesse me matado no lugar da Marielle”, disse Domingos na ocasião.

Prisão e processo no STF

Em 24 de março de 2024, a Polícia Federal deflagrou a Operação Murder Inc. para prender o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), e o irmão dele, Domingos Brazão, que atuava como conselheiro do TCE-RJ. Eles permanecem presos e negam envolvimento no crime.

O processo tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Em junho, a Corte tornou os três réus. Também estão respondendo pelo crime: o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira; e Robson Calixto Fonseca, ex-assessor de Domingos.

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