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Urnas eletrônicas

Do que trata o vídeo que levanta suspeitas sobre urnas e mobiliza apoiadores de Bolsonaro

Vídeo apresentado por Fernando Cerimedo, próximo de Eduardo Bolsonaro, já foi retirado do YouTube (Foto: Reprodução/La Derecha Diário)

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Desde a tarde desta sexta-feira (4), políticos e eleitores que apoiam o presidente Jair Bolsonaro voltaram a questionar, nas redes sociais, a integridade das urnas eletrônicas, com base num vídeo e num relatório divulgado pelo canal argentino La Derecha Diário.

Na gravação, já retirada do ar pelo YouTube, o dono do canal, Fernando Cerimedo – que mantém relação próxima com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente – apresenta dados segundo os quais modelos mais antigos da urna eletrônica (de 2009, 2010, 2011, 2013, 2015) tenderiam a registrar mais votos para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva que para Bolsonaro na eleição deste ano, especialmente em estados do Nordeste.

O relatório, que não é assinado por qualquer pessoa ou entidade, diz que esses modelos de urna não são “auditáveis” – o que é falso, segundo o TSE (leia nota abaixo) – e apresentariam um padrão na votação que favoreceria o petista. Isso não ocorreria no modelo mais recente, de 2020, que foi testado e aprovado por universidades neste ano. O documento ainda diz que existiriam ao menos dois diferentes softwares instalados nas urnas eletrônicas.

Cerimedo diz que o relatório exibido no vídeo, escrito em espanhol, foi produzido numa “auditoria privada”, realizada por pessoas especialistas em “Data Analytics”, e teria chegado em suas mãos porque “o TSE no Brasil proíbe os meios e as redes sociais de difundir qualquer dúvida sobre o resultado eleitoral”.

Em nota, TSE informou que “não é verdade que os modelos anteriores das urnas eletrônicas não passaram por procedimentos de auditoria e fiscalização”. “Os equipamentos antigos já estão em uso desde 2010 (para as urnas modelo 2009 e 2010) e todos foram utilizadas nas Eleições 2018. Nesse período, esses modelos de urna já foram submetidos a diversas análises e auditorias, tais como a Auditoria Especial do PSDB em 2015 e cinco edições do Teste Público de Segurança (2012, 2016, 2017, 2019 e 2021)”, informou o tribunal.

O TSE ainda diz que os resultados desses testes estão disponíveis no endereço www.justicaeleitoral.jus.br/tps/#resultados e que, no teste realizado no ano passado, máquinas do modelo mais recente, de 2020, ainda não estavam prontas. Por isso, elas foram testadas neste ano por técnicos da USP, da Unicamp e da UFPE, com resultados positivos.

“Nas três avaliações, não foi encontrada nenhuma fragilidade ou mesmo indício de vulnerabilidade. O software em uso nos equipamentos antigos é o mesmo empregado nos equipamentos mais novos (UE2020), cujo sistema foi amplamente aberto para auditoria dentro e fora do TSE desde 2021”, diz ainda o TSE.

A nota acrescenta que “todas as urnas são auditadas e ela é um hardware, ou seja, é um aparelho”. “O que importa é o que roda dentro dela, ou seja, o programa, que ficou aberto por um ano para todas as entidades fiscalizadoras. O software da urna é único em todos os modelos, tendo sido divulgado, lacrado e assinado”, finaliza o tribunal.

Desde a veiculação do vídeo, nesta sexta, o assunto se tornou um dos mais comentados no Twitter dentro do Brasil. O deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG), que ajudou a repercutir o material, teve seu perfil na plataforma suspenso por ordem do TSE. O vídeo já foi retirado do YouTube, mas ainda circula em canais do Telegram.

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