O ex-comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas usou as redes sociais para responder ataques feitos aos militares pelo escritor Olavo de Carvalho, a quem se referiu como "Trótsky de direita".
"Mais uma vez o senhor Olavo de Carvalho a partir de seu vazio existencial derrama seus ataques aos militares e às Forças Armadas demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito e de um mínimo de humildade e modéstia", escreveu.
Ele seguiu a publicação, feita na manhã desta segunda-feira (6) nas redes sociais, dizendo que Olavo é um "verdadeiro 'Trotsky de direita' , não compreende que substituindo uma ideologia pela outra não contribui para a elaboração de uma base de pensamento que promova soluções concretas para os problemas brasileiros", escreveu.
O líder comunista Leon Trótski foi um dos mais radicais líderes da revolução russa de 1917 que deu origem à União Soviética em 1922.
Olavo, considerado o guru da nova direita e influenciador dos pensamentos do governo de Jair Bolsonaro, tem feito constantes ataques aos militares em vídeos e publicações nas redes sociais. Inicialmente, as críticas foram dirigidas ao vice-presidente, general Hamilton Mourão, e mais recentemente passaram a atingir o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz.
Desde que deixou o comando do Exército, em janeiro, Villas Bôas passou a ocupar o cargo de assessor especial do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), comandado pelo general Augusto Heleno, um dos mais próximos ao presidente Bolsonaro.
Villas Bôas conta com forte respaldo dos militares e foi apontado pelo próprio Bolsonaro como um dos responsáveis por sua vitória nas urnas.
"General Villas Bôas, o que já conversamos ficará entre nós. O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui", disse o presidente em um discurso público dois dias depois de ter tomado posse.
Ainda na publicação feita pelo Twitter, o general disse que Olavo "age no sentido de acentuar as divergências nacionais no momento em que a sociedade brasileira necessita recuperar a coesão e estruturar um projeto para o país".
Segundo ele, o escritor escolheu os militares como alvo "por sua impotência diante da solidez dessas instituições e a incapacidade de compreender os valores e princípios que as sustentam".
O ponto mais recente da discórdia entre Santos Cruz e Olavo se deu em torno das redes sociais. O ministro concedeu entrevista no início de abril à rádio Jovem Pan na qual comentou sobre a necessidade de evitar distorções nas redes sociais.
Ele afirmou ainda que a influência das mídias sociais é benéfica, mas também pode "tumultuar". Para ele, é necessário ter cuidado com a sua utilização, evitando ataques e o seu uso como "arma de discórdia".
No fim de semana, Olavo foi explícito ao endereçar as críticas ao auxiliar do presidente por sua declaração. "Controlar a internet, Santos Cruz? Controlar a sua boca, seu merda", escreveu.
A comunicação do Palácio do Planalto tem sido palco desde o início do governo de uma disputa entre o núcleo militar e os chamados "olavistas", seguidores do escritor. A Secom (Secretaria de Comunicação Social) é subordinada a Santos Cruz.
No domingo (5), Bolsonaro usou o Twitter para se manifestar sobre o caso e disse que não pretende regulamentar nem os veículos de comunicação nem as mídias sociais.
Em mensagem publicada em sua conta oficial, ele escreveu que recomenda "um estágio na Coreia do Norte ou em Cuba" para quem defender uma espécie de controle do conteúdo divulgado.
"Em meu governo, a chama da democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, aí incluída as sociais. Quem achar o contrário recomendo um estágio na Coreia do Norte ou Cuba", afirmou.
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