Eleito na onda da mudança de 2018, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés da Silva, tem buscado uma gestão técnica e distante dos embates políticos do seu partido, o PSL, em Brasília. Em junho, conseguiu aprovar uma reforma administrativa, apesar da pequena base de apoio dentro da Assembleia Legislativa catarinense (Alesc): de 40 deputados da Casa, somente seis são do PSL.
A reforma modificou a estrutura organizacional do governo. Acabou com as secretarias de Turismo, Cultura e Esporte, que já eram geridas por entidades de administração indireta. Além das duas secretarias de estado, foram fechadas seis secretarias executivas, duas autarquias, uma sociedade de economia mista e cinco conselhos.
Também extinguiu 20 Agências de Desenvolvimento Regional. De acordo com o governo, a previsão de economia com a reforma é de R$ 500 milhões ao longo dos quatro anos de gestão e, dos 6.305 cargos de comissão e funções de confiança, 2.054 foram diminuídos.
Outro programa do governo, o “Detran Digital”, possibilita a requisição de CNH definitiva, segunda via ou Permissão Internacional para Dirigir (PID) sem precisar sair de casa.
Iniciativas dos primeiros meses
Foi determinado que licitações sejam feitas por pregão eletrônico e foram instituídos programas como o “Minha Nova Escola”, que prevê o investimento de R$ 1,2 bilhão na rede estadual de ensino. Além disso, 911 professores, que participaram do concurso de 2017, foram efetivados neste ano.
Dois aviões do governo do estado devem ser vendidos e o helicóptero, de uso exclusivo do governador, agora fica à disposição para o transporte de órgãos. As medidas de austeridade atingiram até o cafezinho das repartições públicas, que foi cortado e deve gerar uma economia de R$ 1,7 milhão por ano, segundo o governo.
Sem secretário de segurança
A figura do secretário de Estado de Segurança foi substituída por um Colegiado Superior formado pelos chefes das Polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros Militar e Instituto Geral de Perícias. Eles são os responsáveis por tomar decisões em conjunto com uma diretoria-geral, cuja presidência é rotativa – neste ano o responsável é o comandante-geral da PM.
De acordo com o governo houve redução de 23,4% nos homicídios e queda de 38,4% nos latrocínios, roubos seguidos de morte.
Vitória com 71% dos votos
Moisés se filiou ao partido do presidente da República somente em março de 2018, onde atuou como tesoureiro. Sem nunca ter concorrido a um cargo eletivo, arriscou alto ao se candidatar a governador em uma chapa pura com Daniela Reinehr, como vice. A primeira pesquisa Ibope mostrava Moisés com 1% de intenção de votos.
“Comandante Moisés”, como era conhecido pelos 30 anos de carreira como bombeiro Militar, reverteu a situação e surpreendeu ao chegar no segundo turno contra Gelson Merísio (PSD). Acabou eleito com 71,09% dos votos. O plano de governo apresentado por ele tinha apenas cinco páginas. Com propostas como o desenvolvimento de dispositivos anticorrupção nas estruturas do governo e a reestruturação do sistema prisional, visando a reinserção social dos presos. Moisés é advogado e foi professor de Direito Administrativo e Constitucional.
Além dele, o PSL conseguiu emplacar outros dois governadores em 2018: o Coronel Marcos Rocha, em Rondônia, e Antonio Denarium, em Roraima. Denarium era o único dos três considerado favorito desde o primeiro turno.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Moisés disse considerar “sandice” o extremismo da militância tanto da direita, quanto da esquerda nas redes sociais. Afirmou apoiar a agricultura familiar, ele acabou com o incentivo fiscal de agrotóxicos. Mas também diz não considerar o presidente um extremista, Moisés acredita que ele é mal compreendido na forma como se comunica. Nas redes sociais, Moisés se mantém discreto, na contramão da cartilha bolsonarista.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF