De acordo com a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), o X voltou ao “bloqueio total” no Brasil por iniciativa da própria plataforma, nesta quinta-feira (19).
“Antes das 16 horas, que era o horário limite para todos [operadores e provedores de internet] bloquearem, o X por conta própria parou de usar o Cloudflare. Quem bloqueou, bloqueou à toa e com risco de efeitos colaterais”, disse a Abrint em nota enviada à Gazeta do Povo.
O X havia retomado o funcionamento no Brasil na quarta-feira (18), após quase 20 dias do bloqueio ordenado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Apesar do retorno, o X somente estava disponível por meio do aplicativo instalado em celulares.
O acesso dos brasileiros ao X foi restabelecido depois de uma atualização no aplicativo, que passou a usar o serviço conhecido como “proxy reverso” da empresa americana Cloudflare.
Após a volta da rede social, Moraes multou o X e a empresa de tecnologia, Starlink - ambas do empresário Elon Musk - em R$ 5 milhões por dia até que o bloqueio fosse restabelecido.
Também por ordem de Moraes, a Anatel notificou as operadoras e provedores de internet para efetuar o bloqueio da Cloudflare.
Segundo a Anatel, a empresa americana aceitou colaborar para dar seguimento ao cumprimento da ordem de censura contra o X.
Serviço contratado pelo X dificulta mecanismos de bloqueio
A Cloudflare é um serviço de nuvem que oferece proteção de servidores de grandes empresas contra ataques cibernéticos. Ao todo, a empresa atende cerca de 24 milhões de sites no mundo todo.
Segundo explica a própria Cloudflare em seu site, o “proxy reverso” é um tipo de intermediário do tráfego de internet entre o usuário e o servidor de um site. Além de melhorar a velocidade e a segurança, ele também mascara o IP real do servidor.
Com o novo serviço, o X passou a usar IPs dinâmicos, que mudam sempre que é feito o login no site ou a cada intervalo de um tempo determinado. Essa camada extra de proteção, praticamente, inviabiliza o método de bloqueio tradicional.
Uma ordem de bloqueio total do serviço poderia derrubar os sites de outros clientes que usam a Cloudflare no Brasil, a exemplo de bancos, do governo federal e do próprio STF.
“Quem comanda para que endereço de IP o serviço do X deve ir é o próprio X. Não tem como mudar isso. E quando estávamos testando por que parou de funcionar de repente, antes de fazer o bloqueio, verificamos que o X agora apontava para os IPs anteriores", disse a Abrint em outro trecho da nota.
"É fácil fazer um teste de DNS e ver para que IP o X está indo. Ou seja, houve o cancelamento do proxy reverso e tudo voltou como antes: bloqueio total”, completou.
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