O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, cobrou mais apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ajudar a encerrar a guerra provocada pela Rússia há quase um ano e meio no Leste europeu, e disse que pode vir ao Brasil se for convidado em algum momento oportuno do conflito.
Zelensky diz que a opinião de Lula sobre a guerra é de extrema importância por conta de sua posição como presidente de um país, que “forma a opinião do povo que o elegeu”, e que sabe que não adianta pedir armas ao Brasil, que não receberá.
As afirmações são um reflexo da política que Lula tem adotado desde o início do governo em não condenar enfaticamente a Rússia pela invasão ao território ucraniano, em dizer reiteradas vezes que a guerra é um problema da Europa e que o conflito não chegou ao fim por conta de interesses dos Estados Unidos e dos europeus – que estariam “dando a contribuição para a continuidade”, disse em Abu Dhabi em abril.
O presidente ucraniano relativizou as declarações e diz que sabe que Lula respeita a soberania e integridade do território ucraniano, mas cobrou uma posição mais enfática e um encontro para mostrar apoio pelo fim do conflito. Os presidentes deveriam ter se encontrado na reunião do G7 em Hiroshima, no Japão, em maio, mas desencontros nas agendas frustraram a reunião.
“A voz do país é a do seu presidente, precisamos conversar nesse nível, entre presidentes. Porque, se não encontramos o presidente, significa que há algo errado entre os nossos povos. E não entendo a razão de não nos reunirmos, está errado”, disse Zelensky em entrevista à GloboNews exibida nesta quarta (26).
Volodymyr Zelensky afirmou que entende que as circunstâncias da guerra podem ser um impeditivo para a viagem de Lula à Ucrânia – por motivos de “segurança” – e disse que, apesar de estar aberto a um convite para vir ao Brasil, prefere um encontro em território europeu por ter “pouco tempo” para se deslocar a outro continente.
Ele reiterou que a invasão da Rússia ao território ucraniano foi uma violação da soberania, contrariando falas de Lula, no passado, de que a “decisão da guerra foi tomada por dois países”, também em Abu Dhabi, onde equiparou a responsabilidade pelo conflito aos dois países.
Em entrevistas mais recentes, Lula afirmou que o fim da guerra deveria ser alcançado diplomaticamente, em discussões entre representantes dos dois países. Zelensky concordou, com a condicionante de que a Rússia precisa recuar e sair da Ucrânia para abrir um canal de diálogo.
“Se a Rússia sair do nosso território soberano, a diplomacia vai entrar”, completou sem saber como isso poderia ocorrer neste momento.
Qual é o apoio esperado por Zelensky de Lula?
Durante a entrevista, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse esperar atitudes “concretas” de Lula e do governo brasileiro em apoio ao país para encerrar o conflito.
“Primeiro, que ele una a América Latina e nos dê a oportunidade de fazer uma reunião e conversar. É apoio político. Segundo, há crime de agressão contra a nossa soberania e integridade territorial, precisamos desse apoio sim”, disse.
Zelensky também cobrou um apoio de Lula à sua Fórmula da Paz, um conjunto de termos e condições formulado pela Ucrânia para o cessar-fogo entre os dois países, principalmente com vista ao Acordo de Grãos que foi rompido recentemente por Vladimir Putin e que afeta diretamente a exportação da produção do país para outros países “que precisam lugar contra a fome” – “isso é urgente”, disse.
Ele pediu, ainda, ajuda humanitária “se puder”, e “um pouquinho só, que seja”, como equipamentos especializados para fazer a desminagem – retirada de minas escondidas no chão – dos campos de trigo ucranianos “que foram minados pela Rússia”.
“Não pretendo pedir a Lula que me dê armas. Por que faria isso? Sei que não vai me dar”, disse Volodymyr Zelensky em referência a um pedido feito pela Alemanha em janeiro para enviar munições à Ucrânia e à solicitação para a compra de 450 veículos blindados Guarani em versão ambulância, também negada pelo governo brasileiro para “não entrar na guerra”.
A festa da direita brasileira com a vitória de Trump: o que esperar a partir do resultado nos EUA
Trump volta à Casa Branca
Com Musk na “eficiência governamental”: os nomes que devem compor o novo secretariado de Trump
“Media Matters”: a última tentativa de censura contra conservadores antes da vitória de Trump
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião