O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky voltou a questionar a suposta neutralidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a guerra provocada pela Rússia e afirmou que essa posição não passa de uma “retórica política” de alguém que tem apreço por países ditatoriais, como China e Irã.
A cobrança por um posicionamento mais claro foi feita em meio a mais um ataque russo contra a capital ucraniana, Kiev, e publicada nesta terça (27) em entrevista ao jornal O Globo. Para Zelensky, a alegada neutralidade de Lula não é honesta com o país e nem mesmo com os próprios brasileiros.
“Isso é apenas retórica política. Não é uma fala honesta. Não é honesta nem conosco nem com o povo brasileiro. Porque todo mundo sabe quem iniciou essa guerra”, disse.
Zelensky afirmou na entrevista que até chegou a se reunir com Lula e que se fez ser entendido sobre a difícil situação vivida pela Ucrânia por causa da invasão russa. “Tivemos um diálogo muito bom, realmente bom”, pontuou, mas considerou que a resolução apresentada pelo Brasil junto da China – que é parceira da Rússia – não passa de uma “declaração política”.
“O primeiro-ministro [Narendra] Modi, da Índia, esteve aqui há dois dias e me perguntou: qual seu pensamento sobre o plano chinês? E eu disse que não é um plano. É apenas uma declaração política, só para dizerem que não estão alheios à guerra – mas é apenas algo no papel”, disparou Zelensky.
Em meados de maio, os governos brasileiro e chinês assinaram um pacto para tentarem encontrar uma solução política e pacífica para interromper a guerra, que já passa de dois anos. O plano tem três princípios que dependeriam de uma negociação entre Ucrânia e Rússia: evitar a expansão do campo de batalha, impedir a escalada dos combates e evitar provocações.
Volodymyr Zelensky, no entanto, rechaçou a proposta e afirmou que entende “apenas propostas concretas e honestas”. “Eu falo pelas nossas vítimas, pelos nossos mortos. Então, se você quer nos ajudar a parar a guerra, ou nos ajudar a fazer com que o Putin pare com a guerra, nós temos que nos unir”, afirmou.
Para o líder ucraniano, apesar do diálogo ter sido produtivo, Lula vive de “narrativas da União Soviética”, e questiona qual o conceito de democracia adotado pelo presidente brasileiro.
“A China é um país democrático? Não. E o que dizer sobre o Irã? É um país democrático? Não. E o que dizer da Coreia do Norte? Eles não são países democráticos. Então, o que o Brasil, um grande país democrático, faz nessa companhia? Eu não consigo entender esse círculo de países”, questinou sobre o real interesse em ter relações com estes países – econômicas que não são, sinalizou.
Por fim, Zelensky também questionou sobre “quem vai ganhar essa queda de braço”: “O Brasil vai engolir esses quatro aliados ou esses quatro aliados vão engolir o Brasil?”
Desde o início do conflito no Leste europeu, Lula tem evitado se posicionar ao lado da Ucrânia contra a Rússia, que é o país invasor – e chegou a igualar a situação de ambos. E flertou diversas vezes com Vladimir Putin, a quem chegou a convidar para vir ao Brasil na cúpula do G20 em novembro, no Rio de Janeiro.
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