O presidente da Ucrânia, Volymyr Zelensky, questionou os reais interesses por trás do plano proposto por Brasil e China para encontrar uma solução para a guerra entre Rússia e Ucrânia. O ucraniano, que já condenou a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a guerra em outras ocasiões, disse que nem Brasil e nem China "vão aumentar seu poder às custas da Ucrânia".
"Quando a dupla sino-brasileira tenta se transformar em um coro de vozes, com alguém na Europa, com alguém em África, dizendo alguma coisa alternativa para uma paz plena e justa, surge a questão: qual é o verdadeira interesse [por trás disso]?", questionou Zelensky durante seus discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta quarta-feira (25).
O presidente ucraniano afirmou ainda que "planos vagos de resolução", como o proposto por Brasil e China, não apenas ignoram o sofrimento dos ucranianos na guerra, como "dá a Putin o espaço político para continuar a guerra e pressionar o mundo para colocar mais nações sob controle".
Zelensky ainda chegou apontar interesses políticos de Brasil e China para a busca de uma resolução do conflito. "A Fórmula da Paz já existe há dois anos. Talvez alguém queira um Prêmio Nobel por sua biografia política, por uma trégua congelada em vez de uma paz real, mas os únicos prémios que Putin dará você, em troca, é mais sofrimento e desastres", criticou.
Brasil e China desenvolveram proposta de paz na Ucrânia
Brasil e China realizaram uma proposta conjunta, em seis pontos, para propor um cessar-fogo na Ucrânia. O país enfrenta uma guerra contra a Rússia desde fevereiro de 2022, quando Vladimir Putin ordenou que suas tropas invadissem o território ucraniano.
O documento, que já foi rejeitado por Zelensky e seus aliados, é apontado de levar em consideração os interesses russos no conflito. Em um dos pontos, a dupla propõe uma conferência internacional com a participação de Rússia e Ucrânia, ou seja, invasor e invadido, para discutir uma solução para a guerra.
O texto também não implica na retirada de tropas russas da Ucrânia. A proposta é vista ainda como mais um movimento político do bloco sino-russo contra o Ocidente e as nações que formam o G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido).
O grupo tem buscado negociar uma solução para o conflito na Europa desde o início da guerra e tem fornecido apoio político e militar à Ucrânia. Lula já fez críticas às nações democráticas do Ocidente por esse apoio e as acusou de "patrocinar" a guerra.
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