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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

70 anos de comunismo chinês: nada a celebrar

A República Popular da China chega nesta terça-feira, 1º de outubro, aos 70 anos, superando em longevidade a União Soviética, que desmoronou aos 69 anos, e rivalizando com os Estados Unidos em busca do domínio global.

Para comemorar o feito, o país realizou a maior parada militar de sua história, na Praça Tiananmen, com 15 mil soldados e marinheiros, 160 caças, bombardeiros e outras aeronaves e 580 tanques e outras armas - algumas nunca vistas em público, segundo, comandantes militares.

O atual líder, Xi Jinping, resgatou o culto à personalidade no país, além de um nacionalismo exacerbado. Já é o mais poderoso dirigente do PCC após Mao Tse-Tung. A China é uma ditadura opressora, que permitiu algum grau de liberdade econômica por puro pragmatismo, o que vem desde a década de 1980 com Deng Xioping, aquele que abraçou o slogan "não importa a cor do gato, desde que ele pegue o rato". Mas o gato ainda é vermelho.

A pujança econômica chinesa não forçou uma abertura política, como muitos esperavam, mas sim alimentou o regime ditatorial. Muitos se encantam com o crescimento chinês, deixando de lado esse aspecto, mas por coerência deveriam, então, enaltecer Pinochet, já que o Chile, sob seu comando, prosperou com as reformas liberais econômicas.

A China não é um modelo alternativo às democracias liberais ocidentais. Ela tem seduzido muito "intelectual" que despreza os valores ocidentais, mas é fundamental apoiar os Estados Unidos nessa disputa por espaço geopolítico, como aconteceu na época da Guerra Fria com a União Soviética. Uma vez mais, são os americanos que representam a liberdade.

Curioso, portanto, como são os Estados Unidos e o capitalismo liberal que representam os alvos preferidos dos ambientalistas, das feministas, dos movimentos de "minorias", enquanto a China, uma ditadura opressora, o maior poluidor do planeta, fica impune, livre de ataques. Greta Thunberg, a adolescente que os ecoterroristas inventaram como símbolo da causa, sequer menciona a China em seus discursos inflamados - e artificiais. Por que será?

Por falar em adolescentes, Mao também utilizou crianças como fantoches em sua "revolução cultural". Elas denunciavam os próprios pais "traidores", que não apoiavam a "revolução". Comunistas nunca se importaram com crianças.

Não quero produzir uma indigestão no leitor, mas resgato um trecho do meu Esquerda Caviar em que mostro como a tática de ironizar a "paranoia" anticomunista foi utilizada ao longo do tempo, inclusive com a "brincadeira" de que comunistas comiam criancinhas:

O anti-anticomunismo sempre consistiu numa tática útil ao comunismo, e a esquerda caviar sempre foi usada como inocente útil para esse papel. Quem critica o comunismo é atacado pela esquerda, que se diz contrária ao regime, mas aberta ao diálogo com todos. A estratégia é rotular de radical o anticomunista, em vez de o próprio comunista. Acusar as atrocidades do comunismo passa a ser paranoia. Sartre chegou a afirmar, em 1952, que “todo anticomunista é um cão!”

O sarcasmo era uma arma importante nesse plano. “Comunistas vão aparecer embaixo da sua cama”, ou “comunistas comem criancinhas”, essas e outras frases serviam para desqualificar o anticomunista como alguém que acredita em alienígenas. Ocorre que até mesmo isso foi verdade! Ou seja, comunistas de fato comeram crianças, ou pior, forçaram outros a fazê-lo. Como relata O livro negro do comunismo:

P’eng P’ai aproveitou a circunstância para por em vigor um regime de “terror democrático”: o povo inteiro era convidado a assistir aos julgamentos públicos dos “contra-revolucionários”, quase que invariavelmente condenados à morte; participava das execuções, gritando “mata, mata” aos Guardas Vermelhos que tratavam de cortar a vitima pedaço a pedaço, que por vezes cozinhavam e comiam, ou obrigavam a família do supliciado – que, ainda vivo, assistia a tudo – a comer; todos eram convidados para os banquetes em que se partilhava o coração ou o fígado do antigo proprietário, e para os comícios onde o orador discursava diante de uma fileira de estacas cada uma enfeitada com uma cabeça recentemente cortada.

Um relato para colocar inveja em Hannibal, convenhamos. O canibalismo não foi restrito ao comunismo chinês; seria repetido no Camboja de Pol Pot depois. Ocorreram vários casos de canibalismo famélico também, entre a própria população desesperada por comida, pois o comunismo ou não era capaz de produzir alimentos ou seus líderes deliberadamente usavam a fome como estratégia de poder (Lênin foi o primeiro a fazer isso). Em Stálin: a corte do czar vermelho, Simon Sebag Montefiore relata alguns desses casos:

A 14 de abril de 1937, o procurador-geral Vichinski escreveu ao premiê para informar sobre uma série de casos de canibalismo em Cheliabinsk, nos Urais, em que uma mulher comeu uma criança de quatro meses, outra comeu uma de oito anos com seu filho de treze, enquanto outra ainda consumiu seu bebê de três meses.

Há vários relatos de canibalismo na Coreia do Norte, onde pais comem seus próprios filhos desesperados com a fome. Existem outros casos, mas, como esse livro não foi patrocinado pelo fabricante do Plasil ou do Engov, vou poupar o estômago do leitor. Basta resumir que o canibalismo floresceu sob regimes comunistas, seja por atos conscientes de seus líderes, seja por desespero da população.

O comunismo é a ideologia mais nefasta já criada pelo homem. E o povo de Hong Kong, que viveu sob a proteção da Rainha da Inglaterra até 1997, quando a China continental assumiu o controle com o slogan "um país, dois sistemas", não vai se adaptar passivamente ao regime opressor. Está acostumado com a liberdade.

Os manifestantes pró-liberdade de Hong Kong saíram às ruas para protestar contra Pequim nesta terça-feira, dia em que a China comemora o 70º aniversário da revolução comunista. Houve confrontos entre a polícia e alguns ativistas. Um manifestante foi baleado no peito no distrito de Tseun Wan. Essa foi a primeira vez que alguém foi ferido por arma de fogo desde o início da onda de protestos.

Hong Kong está lutando por sua liberdade, e a China continental não vai aceitar isso. Todos aqueles que valorizam a liberdade deveriam estar apoiando essa luta dos manifestantes em Hong Kong. Mas muitos preferem ignorar, e acham que a China tem "direito" de impor sua vontade.

Duas visões de mundo muito distintas, antagônicas, disputam as mentes e os corações no palco global hoje. Ou você respeita e admira o legado americano em prol da liberdade, ou você se encanta com o "sistema chinês". Não é possível as duas coisas ao mesmo tempo. E, infelizmente, cada vez mais gente despreza o legado americano, pois aprende desde cedo a distorcer a história, a enxergar a América como uma nação com racismo sistêmico, opressão velada, patriarcado branco. Bobagem!

A liberdade nunca está a mais de uma geração de ser perdida, alertou Reagan. Ela precisa ser cultivada, e isso só é possível quando o povo aprende desde cedo a respeitar os pilares que a tornam possível. Décadas de esquerdismo no ensino, na cultura e na política têm enfraquecido esses pilares. O Partido Democrata tem como uma de suas lideranças um sujeito que sempre louvou o regime comunista, enquanto desprezava o que a América simboliza. E Bernie Sanders pode ser o presidente dos Estados Unidos!

Entenderam como é importante Donald Trump, com todos os seus defeitos, ser reeleito? Ao menos ele tem maior clareza moral do que está em jogo, e tem coragem de comprar as brigas necessárias com a China no tabuleiro da geopolítica. Os demais preferem se curvar diante do dragão vermelho. E a longo prazo isso poderia ser catastrófico para o Ocidente e o que ele representa: a liberdade.

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