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Pensem num sujeito com uma grande ambição - a de ocupar a cadeira que hoje pertence a Bolsonaro - capaz de fechar surfar na onda bolsonarista apenas para se tornar sem rival em seguida, e de fechar acordos e depois trair seus próprios companheiros de partido.
Pensem em alguém disposto a politizar uma pandemia, demonizando esse presidente que ele inveja, a ponto de tentar monopolizar a fala em nome da ciência, chamando os demais de "negacionistas".
Pensem que essa mesma pessoa tomou decisões sem qualquer respaldo científico para impedir brasileiros de trabalhar e se sustentar. Agora imaginem esse indivíduo apresentando as "soluções" para consertar o país...
João Agripino Doria publicou um texto na Folha de SP hoje indicando quais os caminhos para o Brasil melhorar, como se ele não tivesse qualquer ligação com as medidas drásticas e autoritárias que derrubaram nossa atividade econômica.
Os que falavam "economia a gente vê depois" apareceram como quem não quer nada para oferecer as soluções econômicas! Logo no primeiro item de destaque desse "programa", Doria joga a quantidade de pobres sem mencionar a reação à pandemia, e ainda fala de educação, fingindo que seu governo não fechou escolas por meses:
Acabar com a fome: o país que é celeiro do mundo não pode ter quase 30 milhões de pessoas vivendo com menos de R$ 9 por dia. Nosso primeiro olhar será para milhões de brasileiros que hoje se encontram na miséria. Defendemos programas de transferência de renda, sem furar o teto de gastos, com ensino integral para as crianças, programas de geração de renda e emprego.
Após vários itens vagos, sem mergulhar no "detalhe" mais importante sobre a execução, Doria solta essa outra pérola:
Resgatar a autoestima: o Brasil tem de recuperar o prestígio internacional. Portanto, precisa de um governo que apresente ao mundo as oportunidades, que saiba dialogar e estabelecer novas formas de cooperação, como fizemos ao testar e produzir vacinas. Um Brasil de paz social e de diálogo, com respeito às instituições, ao equilíbrio dos Poderes e, acima de tudo, com transparência e democracia.
Será que o governador tem em mente o "prestígio" frente ao regime ditatorial comunista chinês, que tem, de fato, excelente relação com ele? Doria fala em paz e diálogo, mas vem demonizando Bolsonaro e seus apoiadores há meses, e chegou a me chamar de "vassalo" e "terraplanista" no ar, eu que sou jornalista independente e apenas apresentava dados incômodos para sua narrativa falsa sobre as "maravilhas" de sua gestão na pandemia. Doria quer respeito às instituições e ao equilíbrio de Poderes, mas nada tem a dizer sobre os evidentes abusos do Supremo?
Por fim, Doria faz o que todo tucano tem feito: coloca Bolsonaro como um presidente ainda pior do que os petistas, o que é simplesmente ridículo: "O governo Dilma Rousseff (PT) não soube consertar os equívocos da gestão Lula (PT). E o atual governo piorou os problemas herdados. Vendeu sonho e entregou um pesadelo".
Pesadelo mesmo seria a volta de um tucano oportunista ao poder. Mas esse risco acho que o Brasil não corre. Doria não consegue sair dos 2% de intenções de votos. O povo não é tão trouxa assim...