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Rodrigo Constantino

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A cultura da ignorância e o uso da razão

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Por Gilvan Badke, publicado pelo Instituto Liberal

Um dos fundamentos para o desenvolvimento de uma sociedade é a evolução do seu capital humano. Segundo a teoria do crescimento econômico, até a década de 1950, entendia-se que os fatores que causavam desequilíbrio no crescimento das nações eram recursos naturais, capital e trabalho.

Posteriormente constatou-se a incongruência dessa análise e a teoria, mais amplamente divulgada pelo livro O valor econômico da educação, de Theodore Schultz, passou a considerar uma outra variável relevante: o capital humano.

Há décadas, sabe-se que o capital humano é um dos maiores ativos de uma nação para se chegar à prosperidade econômica. Ainda assim, o Brasil figura entre os piores países do mundo nos principais índices educacionais. No PISA, prova internacional coordenada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aplicada em 70 países, o país ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática.

A baixa qualificação dos indivíduos cria um ambiente abundante para a aceitação de ideias sem fundamentos e inférteis para o desenvolvimento econômico. Essa equação, alimentada década após década, resulta em uma cultura de valores obsoletos, criando uma sociedade que questiona a meritocracia em detrimento da produtividade, que amaldiçoa o trabalho duro e enaltece as vantagens sem esforços, que despreza a racionalidade e admira o apelo emocional, que não respeita o livre mercado e perpetua o populismo, o pauperismo e a ignorância.

Nesse contexto, o Brasil desenvolveu sua brasilidade, galgada num cacoete cultural que adota o primitivismo, se glorificando dos seus piores defeitos, como a malandragem, o jeitinho e a vantagem imprópria. O país não se sobressai no mundo por estar na vanguarda tecnológica ou econômica, por grandes descobertas da ciência ou por produzir feitos que quebram paradigmas e solucionam problemas globais. Talvez um dos grandes feitos do Brasil seja nunca ter ganhado um prêmio Nobel, que reflete essa cultura repleta de elementos que nutrem o baixo capital humano da sociedade.

Para a sociedade amadurecer, faz-se necessário enxergar os seus erros. Existem inúmeros casos de virada de mesa. Um dos mais significativos foi o caso da Coreia do Sul, que, na década de 1960, apresentava índices de desenvolvimento comparáveis com Senegal e Moçambique e, após utilizar a educação básica como motor para o crescimento, atualmente figura entre as principais economias do mundo.

Um dos aspectos que demonstram esse olhar anacrônico do Brasil na tomada de decisões é a forma como aplica seus recursos. Dados da OCDE mostram que, na Coreia do Sul, para cada dólar investido no ensino básico, $ 1,50 é aplicado no ensino superior, naturalmente mais caro. Já no Brasil, o desequilíbrio é expressivo: quatro dólares gastos no ensino superior para cada dólar gasto no ensino básico. Esse desequilíbrio resulta em pessoas com má formação intelectual, cognitiva e educacional.

A humanidade, através de dezenas de milhares de anos, fez um esforço atroz para sair do primitivismo das cavernas, progredindo através de inovações e estabelecendo instituições como a família e a educação. Porém, a cultura brasileira parece seguir na contramão dos fundamentos e pressupostos básicos para prosperar, com níveis baixíssimos de capital humano e confiança social. Querem que voltemos alguns séculos de pensamento e aprendizado racional. Contudo, o progresso tem um caminho simples: o abandono das ideias populistas e dos ideais coletivistas e a retomada na crença do indivíduo, no livre mercado e na supremacia do uso da razão.

*Gilvan Badke é associado honorário do Instituto Líderes do Amanhã. 

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