Por Lippe Borgo, publicado pelo Instituto Liberal
Haverá quem diga que os países escandinavos possuem um governo socialista. De fato, parece ser uma afirmação coerente, já que em sua maioria houve um aumento substancial nos gastos do governo e na quantidade de programas assistencialistas nos últimos anos. Contudo, concluir que esses países são socialistas é uma falácia, à medida que observamos a realidade de maneira mais analítica.
Primeiramente, é importante definir o que caracteriza um governo socialista. Na sua essência, o socialismo prega a extinção das classes sociais por meio da expropriação da propriedade privada, centralização dos meios de produção e planificação da economia. Isso significa o controle do Estado sobre todo o domínio privado, inclusive dos meios de produção (indústrias) e controle de preços. Sendo assim, ao contrário do que muitos pensam, socialismo não se baseia apenas no assistencialismo e alta carga tributária, mas no controle de propriedade e do mercado.
Mas, afinal, o que fez esses países (Dinamarca, Suécia, Finlândia e Noruega) prosperarem e atingirem os invejosos índices econômicos e sociais atuais? Se olharmos para a história, veremos que o fato de não terem participado ativamente das Guerras Mundiais foi um grande passo em relação ao mundo. No entanto, esse não é o ponto principal da nossa discussão. Se examinarmos as políticas públicas praticadas durante seu período de ascensão (final do século 19), veremos que os países nórdicos adotaram um caráter muito mais mercantil do que estatal.
A Escandinávia apresenta, em seu histórico, uma longa sequência de medidas com caráter “livre”, como um estado de direito, facilidade de abrir e fechar negócios, proteção à propriedade privada e pouca intervenção governamental nas trocas de mercado. Embora tenha atualmente um alto índice de impostos e gastos governamentais, esses tendem a ter menos regulamentações no mercado, maior estabilidade jurídica e facilidade na contratação e demissão de empregados. No Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation, que mede a liberdade econômica dos países, Dinamarca, Suécia, Finlândia e Noruega se encontram no 14º, 19º, 20º e 26º lugares, respectivamente.
Isso demonstra que deduzir que os países nórdicos são socialistas é uma falácia. Por mais que eles tenham algumas características relacionadas a esse regime, não é isso que explica o seu sucesso econômico e social. Em contrapartida, é factível concluir que essas economias são muito mais direcionadas para o livre mercado do que para o socialismo e o que realmente proporcionou seu triunfo foi a livre iniciativa do setor privado.
*Lippe Borgo é empresário e Associado do Instituto Líderes do Amanhã.