Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis geram homens fracos, mas homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes. O Ocidente já passou por fases sombrias, cuja própria sobrevivência esteve ameaçada. Mas conseguiu superar esses obstáculos e avançar.
Podemos pensar no sangrento século 20, das ideologias totalitárias. Quando o nazismo foi derrotado numa guerra mundial, o comunismo assumiu o posto de maior ameaça. A Guerra Fria parecia uma realidade inalterável, mas aí surgiu um trio de pessoas fortes, Reagan, Thatcher e João Paulo II, para desafiar o comunismo. E os valores ocidentais venceram.
Esses três líderes gigantes tinham coragem e clareza moral, qualidades em falta nos líderes atuais. Mas os líderes atuais são filhotes de tempos mais fáceis. Com o mundo mergulhando num período mais assustador, será necessário encontrar ou produzir lideranças mais distintas, com as virtudes desses heróis da liberdade.
Costumo dizer que a guerra política é um reflexo da guerra cultural, travada num ambiente mais profundo e que transforma os embates políticos em caixa de ressonância das ideias sendo disputadas nesse degrau mais elevado. Mas, acima da guerra cultural, temos ainda a guerra espiritual. No fundo é sempre uma batalha entre o Bem e o Mal.
Quem entendia isso com clareza era o próprio Papa João Paulo II, e por isso resgato um trecho do livro The End and the Beginning: Pope John Paul II - The Victory of Freedom, the Last Years, the Legacy, de George Weigel:
Toda a história do homem tem sido a história de um árduo combate com os poderes do mal, estendendo-se, como nos diz o Senhor, desde o início da história até ao último dia. Encontrando-se no meio do campo de batalha, o homem tem que lutar para fazer o que é certo, e é com grande custo para si mesmo, e ajudado pela graça de Deus, que consegue alcançar a sua própria integridade interior. [...] Pois, como escreveu João Paulo II na encíclica Evangelium Vitae [O Evangelho da Vida], de 1995, “a vida está sempre no centro de uma grande luta entre o bem e o mal, a luz e as trevas”, na qual “os poderes do mal” conduzem uma luta contínua e fazem uma “oposição insidiosa” a tudo o que é bom, verdadeiro e belo. [...] Ignorar a dimensão da guerra espiritual na luta humana contra o bem e o mal, ele estava convencido, era perder a profundidade do drama que estava sendo representado.
Quando vemos a selvageria dos terroristas do Hamas, a barbárie de quem deseja deliberadamente matar a maior quantidade possível de civis só por serem judeus, as atrocidades de quem estupra meninas, mutila vítimas, mata idosos e degola bebês, sabemos estar diante do Mal em sua plenitude.
E quando constatamos a quantidade de gente no próprio Ocidente disposta a passar pano para isso tudo e apoiar esses malignos terroristas, por pura ideologia ou interesses mesquinhos, também sabemos que estamos lidando com os bárbaros de dentro do portão. Essa é, acima de tudo, uma guerra espiritual.
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