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O youtuber Felipe Neto foi intimado por ter chamado o Presidente Jair Bolsonaro de "genocida", como ele mesmo divulgou nas redes sociais.
Houve certa celeuma à esquerda, pois o "influencer", que até ontem tinha fama por imitar focas e pintar o cabelo, tornou-se um queridinho da militância socialista ao concentrar toda sua energia em ataques ao governo, sendo até chamado para entrevista no Roda Viva por isso.
O problema é que falta coerência ao discurso dessa esquerda e do próprio Neto. Afinal, ele foi um dos que vibraram quando o STF, usando o mesmo "entulho autoritário da ditadura", a Lei de Segurança Nacional, prendeu o deputado bolsonarista Daniel Silveira.
O duplo padrão não chamou a atenção da esquerda, porém. Vários saíram em defesa de Felipe Neto, os mesmos que não se manifestaram sobre a prisão do deputado, ou até mesmo festejaram. Foi o caso do humorista Danilo Gentili, outro que foi alvo do mesmo "entulho autoritário" com pedido de prisão pela Câmara por pregar "socos nos deputados" no Twitter:
Mas deputado com imunidade parlamentar pode ser alvo, se for bolsonarista? Que isso sirva para expor ao mundo o perigo do esquerdismo. Se só um lado na guerra pode dar tiro, acabou. Ou todos condenam o arbítrio e o entulho da ditadura, ou é bangue-bangue geral.
Parece ilusão, porém, que a esquerda vá aprender a lição. A herdeira da empreiteira envolvida em escândalo de corrupção petista saiu em defesa de Felipe Neto, em inglês:
Podemos responder em inglês também: Yes, it has started when the Supreme Court sent to jail a journalist and a congressman for calling the “justice” a bad name, and you all bunch of hypocrites celebrated. Marina Silva, que normalmente aparece só em ano eleitoral, abriu uma exceção e também prestou solidariedade ao youtuber:
Alguém a viu prestar solidariedade ao deputado preso ou condenar o STF de cunho autoritário? Sim, faltaria prisão para quem chama o presidente de genocida; e para quem diz que alguns ministros supremos são xerifes autoritários que ameaçam a nossa democracia. Entenderam agora o valor da liberdade de expressão ou continuam achando que ela só deve valer para a esquerda?!
O deputado Paulo Eduardo Martins resumiu bem a questão: "Ontem levaram meu vizinho do lado direito. Como eu não gostava nem de olhar para o lado direito, não me importei. Hoje levaram meu vizinho do lado esquerdo. Eu gosto muito dele, mas agora não consigo convencer o opressor sobre a liberdade de qualquer um dos meus vizinhos".
Liberais e conservadores com princípios atacam o instrumento, não quem é alvo. A esquerda só se importa com o quem. Eis a diferença. O deputado acrescentou: "A Lei de Segurança Nacional é um entulho autoritário e deve ser revogada completamente ou pelo menos diversos de seus dispositivos. Todo autoritarismo é bacana quando alcança quem você não gosta. Agora que pisca para o queridinho Felipe Neto, muitos se assustam. Essa é a regra".
Não por acaso os "pais fundadores" da América colocaram logo na Primeira Emenda à Constituição o direito de livre pensamento e expressão. E para garantir essa liberdade, colocaram na Segunda Emenda o direito de cada cidadão ter armas.
Esquerdistas como Felipe Neto não compreendem a importância nem de uma, nem da outra. Tanto que o youtuber concluiu o vídeo que gravou após a intimação com mais incoerência: “Um povo não deve jamais temer seu governo. O governo é que tem que ter medo do seu povo”. Disse o defensor do desarmamento do povo e, portanto, da concentração absoluta do poder de fogo no governo (e nos marginais). Disse aquele que vibrou quando o estado, por meio de um ministro do STF, resolveu prender um deputado por se exceder em sua fala.
Pois é. Detonar o "fascista" do presidente é moleza; quero ver é criticar os "democratas" do STF!