Por Alex Pipkin, publicado pelo Instituto Liberal
O ser humano é uma criatura social. Pensamentos e ações morais são um produto de nossa própria natureza.
Liberdade, prudência e justiça são questões basilares para que todas as pessoas e a própria sociedade possam se desenvolver harmoniosamente.
Como indivíduos, naturalmente, queremos o melhor para nós mesmos. Desejo e esforço para melhorar nossa própria condição constituem um incentivo insuperável.
Entretanto, como humanos, também possuímos instintivamente empatia em relação aos outros. Nosso senso moral (espectador imparcial) nos diz aquilo que é ou não é aceitável para os outros. Um sentimento de justiça deveria balizar a convivência com os outros sem prejudicá-los.
Lembro que meu pai, médico pediatra, dizia-me que o mais importante na vida são as pessoas. Numa recente confraternização, sentei-me a conversar; estávamos dois médicos e eu. A consciência médica, talvez ainda mais apurada pela regular convivência com as cruezas da vida, os faz imediatamente aludir à natureza humana da preocupação primeira com a importância das pessoas.
Creio que seja por isso que Adam Smith, como filósofo moral, tenha expressado seu fundamental primeiro foco nos sentimentos morais do indivíduo e, posteriormente, transportando-o para a vida econômica.
Para ele, a felicidade e a prosperidade dependem muito mais das pessoas e dos mercados do que de políticos e de suas leis elaboradas para o atendimento de seus próprios benefícios e privilégios.
A fé smithiana nos mercados demonstra sua crença na confiança de que, nas relações livres nesses ambientes, a felicidade e a prosperidade são alcançadas pela mais ampla associação e cooperação consentida entre as pessoas.
Smith mostrou que por meio de investimentos em capital e da divisão de trabalho entre as pessoas e a resultante especialização, haveria maior produtividade e trocas em mercados em que a liberdade prevalecesse. Liberdade individual e econômica nos mercados!
Ele defendeu arduamente a liberdade, contrariamente a um Estado intervencionista, composto por políticos ambiciosos por alcançar exclusivamente seus interesses pessoais, e que interferiam lesivamente nos acordos econômicos privados. Também abominava aqueles comerciantes que, através de leis e práticas corporativistas, buscavam desencorajar a produção e a competição, negociando acordos formais e informais que resultavam em monopólios empresariais que conspiravam contra o interesse público das pessoas.
Smith foi implacável opositor da combinação de interesses de monopólio e intervenção governamental em acordos privados no mercado.
Portanto, a crítica smithiana vai de encontro a um sistema mercantilista que sufocava a liberdade, a prosperidade e a felicidade dos indivíduos, atingidas por meio de livres associações no mercado, ao invés do enriquecimento de burocratas estatais que asfixiavam a liberdade das empresas em suas transações nos mercados e dos monopólios empresariais erigidos artificialmente via compadrio e/ou acordos escusos realizados entre os próprios empresários.
O fundamental, parece-me, é que Smith focava no interesse real das pessoas, a fim de que estas não se tornassem meros peões do Estado, tampouco de empresários mal-intencionados.
O centro das ideias de Smith está na geração de riqueza, buscando justamente explorar as causas da pobreza humana. Seu minucioso estudo das relações econômicas tem como essência investigar aquilo que impede e/ou dificulta a geração de empregos, renda, prosperidade material e felicidade. Smith apontou que a pobreza desponta quando pessoas se encontram inoperantes, também por escolha própria, mas principalmente quando são coagidas e forçadas pelo Estado e naquelas situações em que a produção e as associações livres nos mercados são impedidas ou desmanteladas.
Nessa direção, como é clara, correta, justa e pertinente a aguçada sensibilidade humana dos grandes médicos! Não há dúvida de que a natureza humana é essencial para a formação de uma sociedade mais harmoniosa e funcional!
Na economia, em que transações são realizadas por meio de associações humanas nos mercados, a liberdade para agir, empreender e inovar é o guia mais seguro para a criação de riqueza entre e para as pessoas.
O Brasil só se tornará um país mais desenvolvido humana e economicamente falando quando todos perceberem que o foco deve estar no crescimento econômico; na liberdade individual para se viver, fazer escolhas próprias, responsabilizar-se pelas consequências de tais decisões, para trabalhar, cooperar livremente e na existência do respeito pelo outro, sob um ambiente institucional que encoraje o comportamento proativo e as capacidades individuais e de toda coletividade.
Nesse sentido, precisamos centrar e pressionar – todos – por medidas que tornem o ambiente econômico e social mais livre e justo para a geração de empregos, produtividade, inovações e maior prosperidade econômica para todas as pessoas.
Foco no todo brasileiro, com claro e efetivo respeito aos interesses de grupos minoritários, tais como LGBs, ambientalistas, indígenas, feministas, etc, etc., sem no entanto, transformarmo-nos em reféns de suas pautas identitárias “superiores”, muitas vezes intransigentes, raivosas e autoritárias. Importa muito mais o desenvolvimento livre e justo de todos os brasileiros!
Aparenta que o verdadeiro desenvolvimento econômico e social verde-amarelo poderá aterrizar por essas bandas a partir do momento em que pararmos de acreditar piamente em líderes políticos de todas estirpes, em “empresários” que defendem a liberdade nos mercados unicamente para os outros e, especialmente, em idealistas que lucram com suas nobres e humanas causas!
Uma sociedade econômica e socialmente mais livre, forte, harmoniosa e funcional depende dos incentivos positivos gerados ao pensamento racional individual e, precisamente, ao empreendimento e esforço de cada cidadão em busca de seus próprios desejos e objetivos de vida. Vamos em frente…