Novak Djokovic desembarcou em Belgrado, na Sérvia, nesta madrugada, após ser deportado pelo governo australiano. O tenista número 1 do mundo não recebeu permissão para jogar o Aberto da Austrália, primeiro Grand Slam do ano, porque não se vacinou contra a Covid-19.
O atleta de 34 anos fez um desembarque discreto. Tirou fotos com alguns passageiros na saída do avião e foi recebido por cerca de 20 fãs. Djokovic é considerado um herói nacional pelos títulos e recordes obtidos no circuito. Para muitos, o sérvio já é considerado o melhor da história. E por ter lutado pelo direito de jogar mesmo sem a vacina, mas imunizado, Djokovic virou um herói para mais gente ainda.
Por outro lado, não são poucos os que comemoraram a decisão das autoridades australianas. Segundo a CBS, mais de 90% da população está vacinada, e a exigência de vacina aos jogadores previa, sim, uma isenção. Djokovic tinha essa isenção, pois comprovou que contraiu o vírus recentemente, ou seja, ele está imunizado. Não importou para o governo: o problema é o "sentimento antivacina" que ele produziu, assim como o risco de "confusão civil".
Ainda segundo a CBS, mais de 70% dos entrevistados queriam a deportação do tenista. Ou seja, preferem ver um campeonato sem o número um do mundo, só porque ele não tomou a vacina que não impede a disseminação do vírus (ao menos quatro outros tenistas testaram positivo, vacinados). Do que se trata isso? Ao ver os comentários mais comuns, é impossível descartar a inveja. A maioria diz que todos devem se submeter às regras, sem exceções ou privilégios. Mas ignoram que as regras previam exceções!
O que importa mais: cumprir por cumprir uma norma autoritária e ineficaz, já que vacinados transmitem o vírus, ou atender ao espírito da lei, que é estar imunizado? O que realmente vale: estar imunizado de verdade, ainda que de forma natural (e, portanto, melhor), ou ter tomado a vacina pois é o que mandaram fazer?
Mais de 90% da população com a vacina, mas inseguros por conta de um indivíduo que decidiu não se vacinar! E a turba querendo vê-lo se dar mal, "pagar um preço", ser expulso, virar pária, perder o campeonato. Lamento jogar na cara desses "humanistas" de botequim, mas é pura inveja sim. "Se eu tive que me submeter a isso, então todos terão!", vai o raciocínio. As pessoas perderam a capacidade de pensar. E de ter empatia, claro.
Nos Estados Unidos não está muito melhor. Segundo pesquisa da Rasmussen, 55% dos democratas querem multar não vacinados, 59% apoiam confinamento em casa deles, 48% defendem multa ou prisão para quem questionar a eficácia da vacina, 45% defendem que não vacinados sejam colocados em "instalações designadas", 46% querem que não vacinados sejam rastreados digitalmente e 29% quer que eles percam a guarda dos seus filhos.
O percentual de republicanos e eleitores independentes que apoiam tais medidas arbitrárias é muito menor. Não por acaso também foram os democratas que flertaram com o nacional-socialismo nos EUA. É a mentalidade autoritária!
Autoritários e hipócritas, claro. Quando interessa, eis a "ciência" dessa turma: "A chance de contágio na Sapucaí é 50% menor do que andar de ônibus", estampou em sua coluna o jornalista treinado na KGB. Onde esses colunistas globais estudam ciência?
Não é com a ciência que estão preocupados. Não é com a vida. É com o controle social, com a sinalização de falsa virtude, com a sensação de pertencimento ao clubinho do "bem", apontando dedos para os "párias sociais". Djokovic desafiou isso tudo, recebeu bastante apoio, e precisava ser "destruído". Os autoritários tinham que dar uma lição, não nele apenas, mas em todos que ousassem pensar por conta própria. Ele virou um símbolo de resistência, e por isso foi expulso. Os autoritários invejosos não poderiam tolerar uma rebeldia dessas. Todos terão de obedecer, ou pagar o preço. Se fazem isso com um tenista rico e famoso, o que não farão com cada um de nós?
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