Em tempos de pandemia com um vírus novo e ameaçador, é absolutamente normal ter medo, sentir pânico mesmo. E é nesse momento que costumamos aceitar delegar totalmente o controle a terceiros, aos "especialistas".
Os especialistas têm muita relevância aqui mesmo. Não se trata, afinal, de virar as costas para o conhecimento e a ciência, como os "terraplanistas" fazem. O obscurantismo existe sim, e infelizmente há uma ala da "direita alternativa" que flerta com ele. Precisamos escutar com muita atenção os infectologistas.
Mas aqui começa o problema: há divergências entre eles! Vemos jornalistas histéricos que apontam apenas para os especialistas que confirmam suas visões mais catastróficas, e deixam de lado outros, que não antecipam o Apocalipse. Em quem acreditar? Na maioria? Mas ciência não é democracia...
A verdade é que poucos sabem, de fato, o que vai acontecer. Não é algo tão previsível assim. E outro ponto que costuma ser ignorado nos debates é o custo de oportunidade, o impacto das medidas sugeridas pelos especialistas em saúde em outras áreas.
Tecnocratas desejam a "tirania dos especialistas", como bons positivistas que são. Acham que os médicos deveriam assumir o poder como imperadores absolutistas agora. Mas o médico sempre vai pecar por excesso de cautela com saúde, sem levar em conta outros fatores, como economia.
É como advogado em contrato corporativo: sempre vai tentar prever tudo que pode dar errado, antecipar-se a cada risco, e se for ele a tomar a última decisão, não sai negócio! Em algum momento o cliente tem que dar um basta, entender os riscos, e seguir em frente.
"Nossa liberdade está ameaçada em muitos campos, devido ao fato de estarmos prontos demais para deixar a decisão ao especialista ou aceitar demasiadamente sua opinião sobre um problema do qual ele conhece intimamente apenas um pequeno aspecto", alertou Hayek, o prêmio Nobel de Economia.
Hayek sempre combateu a crença ilusória no planejamento central, na tomada de decisão de cima para baixo com base no conhecimento passado, dos especialistas. Poucos negam a necessidade de medidas drásticas nesse momento de coronavírus. Mas é preciso prudência, equilíbrio, e isso parece ser recurso em falta.
Por fim, é inegável que, para combater o vírus chinês, quase todos viramos socialistas, mas é fundamental que seja temporário e que pensemos nos custos disso, não só econômicos e sociais, mas sobre nossas liberdades, como alertou Julio Schneider:
Podemos até aceitar a transferência do poder pleno aos especialistas nesse momento de "guerra", desde que levando em conta os riscos de seu próprio saber limitado e os impactos que suas medidas podem ter em outras áreas. As consequências não-intencionais costumam surpreender os planejadores centrais...
PS: Não deixa de ser irônico ver os críticos opositores do presidente Bolsonaro, que sempre o acusaram de autoritário, reclamando agora do fato de ele não escutar os especialistas "certos" e se colocar contra o total confinamento. Como já escrevi antes, não se faz mais fascista como antigamente!
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