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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Apostaram no Lula de 2003 e levaram a Dilma de 2014

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Pacificador. Mandela tupiniquim. Líder da frente ampla democrática. Sujeito responsável que colocaria Arminio Fraga ou alguém com tal perfil para cuidar da economia. Essas foram as falácias lulistas em que muito tucano resolveu acreditar durante a campanha eleitoral, sem qualquer critério ou fundamento, só porque o adversário era Bolsonaro.

Hoje começa a rolar arrependimento, tensão, receio. "Lula exibe incapacidade de decidir que gera custo para seu governo e para o país", diz um jornalista no Estadão. "Presidente atrasa indicações e nomeações e até o reconhecimento de que sua meta fiscal era impossível de cumprir dada sua incapacidade de cortar gastos", continua.

Outra jornalista, bastante simpática ao petismo, mostra-se preocupada com a reforma tributária e com a chamuscada que Lula deu em Haddad: "Essa discussão acontece em um momento infeliz, em meio ao enfraquecimento de Haddad após o presidente Lula afirmar que o governo abandonará a meta de déficit zero".

O editorial do jornal carioca em que ela possui coluna foi mais direto ainda: "O Lula de 2023 tem muito a aprender com o Lula de 2003". No subtítulo, o resumo: "Duas décadas representaram enorme retrocesso na visão do presidente sobre a disciplina fiscal". O jornal conclui que "Lula passou a nutrir desdém cada vez maior pela responsabilidade fiscal".

Mas ele realmente demonstrou algum apreço pela responsabilidade fiscal? Quando, exatamente? A velha imprensa tucanopetista vai tentar de tudo para pintar Lula como alguém que abandonou uma promessa, mudou, traiu algum ideal. Mas isso é falso. Lula passou a campanha inteira sem falar de agenda econômica, sem apresentar um plano concreto, e os sinais que dava eram todos na direção contrária ao bom senso.

Raivoso e vingativo, falando em resgatar sindicatos e estatais, destilando populismo, Lula estava em seu estado natural, e mesmo assim os jornalistas se esforçaram muito para acreditar num Lula jamais existente. O primeiro mandato, é verdade, teve mais prudência, mas logo ficou claro que era apenas uma estratégia de poder. As mazelas que estouraram no governo Dilma foram plantadas no governo Lula já, e o ministro da Economia era o mesmo, Guido Mantega, que Lula tentou resgatar também.

Por que tanta gente acreditou num Lula responsável e diferente? A única resposta possível, quando não se trata de puro interesse desonesto, é a psicologia, a ojeriza e o nojinho estético que Bolsonaro causa nesses tucanos. Quem troca Paulo Guedes por Fernando Haddad não pode falar em nome da razão jamais. Mas esses tucanos sentem repulsa da postura de Bolsonaro, e para se livrar do "genocida", inventaram e acreditaram num Lula imaginário.

Mas como a realidade se impõe, eis que o Brasil já vê sua economia embicando para baixo, sem falar da volta dos esquemas de corrupção, do abuso da coisa pública, da falta de transparência e da política externa abjeta que coloca nosso país como um pária mundial - agora sim! Alguns bobocas miraram no Lula de 2003, mas acertaram na Dilma de 2014 - lembrando que a "presidenta" também foi pintada como uma "gerentona eficiente" pela mesma imprensa. O resultado será, uma vez mais, o mesmo: catástrofe.

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