Por Roberto Rachewsky, publicado pelo Instituto Liberal
Para quem não sabe, a Revolução Russa de 1917 teve dois episódios.
O primeiro episódio comemoraram os liberais quando em março daquele ano, sob a liderança de Kerenski, após terem formado uma coalizão entre todas as forças anti-absolutistas que desejam o fim da tirania dos Czares, obtiveram a resignação de Nicolau II.
O segundo episódio foi comemorado exclusivamente pelos comunistas que, sob a liderança de Lenin, Trotsky e Stálin, conspiraram contra seus aliados liberais para implantar as ideias marxistas que criaram e mantiveram a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas sob outro regime tirânico que viria a durar pelos 75 anos que se seguiram.
A revolução liberalizante russa de março de 1917 trazia no seu âmago uma vertente totalitária constituída de uma ideologia repugnante que se amparava sobre uma face populista e demagógica que criou uma das mais deletérias organizações sociais da história.
Essa não foi a primeira vez na qual um movimento liberalizante se tornou o embrião de uma organização social desumana – a própria história da Revolução Francesa de 1789 está aí, bem documentada, para quem quiser estudá-la para comprovar.
A Revolução de 1964, ocorrida no Brasil, é um pobre fac-símile desses dois influentes movimentos históricos. A diferença talvez esteja no tempo e na gravidade com que o primeiro episódio, que se caracterizou pelo desejo de conter o avanço do totalitarismo, se transformou no segundo episódio, onde o autoritarismo, nacionalista estatizante, tomou o corpo do Estado e a mentalidade nacional.
Se equivoca aquele que acredita que a Revolução de 1964, na sua versão nacionalista estatizante, acabou em 1988 ao término do segundo episódio.
Pelo contrário, naquele ano, se iniciava um terceiro episódio que culminou na promulgação daquele catatau legal, paradoxal e esquizofrênico, que é a prova inconteste de que o segundo episódio da Revolução de 1964, anti-liberal, nacionalista e estatizante, ocorrido em 1967, vingou.
Passados todos esses anos, o que há para se comemorar?
Não há nada para ser comemorado a não ser o fato de que do seio de todo esse movimento nacionalista e estatizante uma geração de jovens liberais e libertários surgiu por conta da visão e do trabalho daqueles que acreditaram e acreditam na revolução silenciosa e pacífica que produz o capitalismo, a doutrina que se baseia na livre-iniciativa, na propriedade privada, no Estado de Direito e no livre-mercado.
O quarto episódio da Revolução de 1964 ainda está sendo escrito.
Venham participar da redação desta história apoiando qualquer uma das iniciativas que estudantes, intelectuais, políticos, empreendedores e trabalhadores em geral, que verdadeiramente defendem a liberdade, estão promovendo.
Parodiando, qualquer um que luta pela liberdade no futuro, vive a liberdade hoje. Foi isso que os pais-fundadores da América conquistaram. Que eles sirvam de inspiração para nós, brasileiros, ainda que o que eles fizeram na sua época estivesse sujeito a transformações.
A Revolução Americana instituiu uma república constitucional baseada na ética do individualismo. Menos de 120 anos depois, ela iniciou uma trajetória em direção à democracia, a força da maioria, aquela que subjuga o indivíduo através da violação dos seus direitos individuais e desencadeia a erosão do tecido social, construído sobre a cooperação e a interação, que devem ser sempre espontâneas e voluntárias.
Já passou da hora de olharmos para esse lado da história, que nos foi legado pelos defensores da liberdade, para construirmos o nosso próprio caminho em direção à civilização e à prosperidade.
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