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Por Pedro Henrique Alves, publicado pelo Instituto Liberal

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O problema da mentira é que, para sustentá-la de maneira efetiva, é preciso elaborar um sistema muito bem alinhavado de outras mentiras e adequações aos fatos históricos que circundam aquela que se quer manter. Para que a burla assuma na realidade o aspecto de verdade, é antes necessário alinhar milhares de outros fatores fronteiriços ao qual a mentira se conecta. Ou seja: mentir requer experiência e uma competência ímpar para que tudo dê certo.

No entanto, isso quase sempre é impossível. Afinal, no mais leve balançar da história, nas comprovações dos fatos ou nos interrogatórios onde se pede constantemente para que o investigado reconte a “história” do início ao fim, tal confrontação investigativa começa a fazer surgir inconsistências na trama, contradições e até mesmo a confissão da mentira após ela ser parcialmente desvelada.

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Todavia, a mentira nunca deixou de ser exercida, e quando o desespero bate ela é sempre lembrada como uma alternativa para a vergonha, crime ou o medo. Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, inaugurou um novo patamar na mentira. Através de seu advogado, Lula apresentou recibos dos pagamentos de aluguel do apartamento vizinho à sua cobertura em São Bernardo do Campo como prova de sua inocência no caso no qual é suspeito de recebimento de propina; o Ministério Público desconfia que esse apartamento tenha sido usado como pagamento de propina da Odebrecht para o ex-presidente. Os recibos de aluguel apresentados pelo advogado de Lula possuem datas de vencimento inexistentes no calendário ocidental. Datas como 31 de junho e 31 de novembro — meses que terminam no dia 30 — aparecem nos recibos tidos e apresentados como oficiais aos órgãos de justiça que investigam o caso.

Não bastasse essa “pataquada” digna dos bons tempos de Os trapalhões, o engenheiro Glaucos da Costamarques, supostamente encarregado de receber os aluguéis pagos por Dona Marisa, teria assinado um dos recibos no dia 6 de janeiro de 2014; entretanto, o site O Antagonista apurou que nessa data o engenheiro se encontrava nos Estados Unidos, e caso a bilocação não esteja entre os seus atributos especiais,  tal situação não encontra resposta razoável que justifique a incoerência constatada. Para não me alongar, citarei mais alguns breves deslizes dos recibos apresentados: há dois recibos para o mesmo mês de junhoerros de digitação no documento tido como oficial: “São Bernanrdo”; documentos novinhos, apesar de se esperar a natural degradação do tempo sobre eles; ausência de mais de 33 comprovantes de aluguel que corroborariam com os recibos já apresentados; não se apresentou demais dados das transações monetárias: o engenheiro Glaucos da Costamarques havia dito que os pagamentos teriam sido realizados por vias identificadas, ou seja, tem que existir dados bancários que comprovem as transações, todavia, até o momento esses dados não foram apresentados. Enfim, definitivamente não é um bom momento para ser advogado de Luiz Inácio Lula da Silva.

Já não bastasse o trabalho de 4ª série do ensino fundamental feito pelo advogado do ex-presidente, Lula não pode dispensá-lo agora, afinal, isso evidenciaria ainda mais os erros por ele cometidos, o que serviria, também, de corroboração aos argumentos daqueles que se oporão ao ex-presidente nesse caso. Outro problema com o qual seus defensores devem lidar nesse momento é com a verdadeira impossibilidade de se gerar qualquer apologia em favor de Lula; os problemas com as “provas” apresentadas são tão gritantes que até a esquerda, de ontem (26/07) para hoje (27/07), está num silêncio monástico.

Diante da cegueira ideológica que há tempos eu venho denunciando na esquerda, não é de se assustar se aparecer algum senador ou deputado petista pedindo a revisão do calendário ocidental, ou, quiçá, criando uma emenda constitucional para adequar os meses lunares aos recibos de Lula. Se ele já é deuse líder máximo da seita petista, como disse Antonio Palocci, o que custa a nós adequarmos nossos meses aos recibos que provam a sua inocência? Criemos, pois, os meses “Lulares”.

Lula, a cada dia que passa, se torna mais um espectro embaçado e sujo do que um dia representou para milhares de pessoas que nele confiou. Toda vez que o ex-presidente abre a boca para se defender é mais uma pá de cal que ele lança sobre si próprio; a cada discurso que faz, fica ainda mais evidente a sua culpa.

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