“Viajamos até aqui nos vagões chumbados; vimos partir rumo ao nada nossas mulheres e nossas crianças; nós, feito escravos, marchamos cem vezes, ida e volta, para a nossa fadiga, apagados na alma antes que pela morte anônima. Não voltaremos. Ninguém deve sair daqui; poderia levar ao mundo, junto com a marca gravada na carne, a má nova daquilo que, em Auschwitz, o homem chegou a fazer do homem.”
O comovente relato de Primo Levi em É isto um homem? abre minha homenagem aos que pereceram após muito sofrimento nos campos de concentração nazistas há 70 anos. Em 27 de janeiro de 1945 os campos foram libertados pelas tropas soviéticas, dia este que é comemorado mundialmente como o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, assim designado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, resolução 60/7, em 1 de novembro de 2005, durante a 42º sessão plenária da Organização.
É preciso jamais esquecer do que o ser humano foi capaz de fazer naqueles anos sombrios com todo um povo, apenas por ser um determinado povo ou de uma determinada religião. Em tempos em que alguns malucos tentam até negar ou relativizar o Holocausto, ou em que a judeofobia parece estar em alta, é ainda mais importante trazer à memória aqueles acontecimentos terríveis para que nunca mais se repitam.
Estive no Museu do Holocausto em Israel e é realmente algo tocante. Você mergulha na história de inúmeras vítimas do nazismo, seres humanos, incluindo crianças, tratados como ratos, como animais que precisavam ser exterminados. Que tipo de loucura coletiva leva a isso? Como pode uma nação ser capaz de eliminar por completo a empatia para com o próximo?
Fecho com as palavras do pastor luterano Martin Niemöller, sobre o silêncio dos bons que permite o avanço dos maus:
“Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar.”
O ataque aos judeus diz respeito a todos nós. Eles costumam sinalizar quando há algo de muito errado no mundo. Sete décadas atrás se soube em detalhes o que o povo judeu sofreu nas garras dos nazistas. Mas os judeus também sofreram nas garras dos comunistas, os mesmos soviéticos que os libertaram em Auschwitz. E hoje sofrem ataques constantes dos islâmicos que não toleram sua existência como nação.
Ao término do percurso no Yad Vashem, o Museu do Holocausto, após todas aquelas imagens chocantes e tristes, há o impacto da luz que emana da floresta de Jerusalém. É para simbolizar a esperança de superação, um futuro melhor.
O povo judeu soube colocar isso em prática. É algo contagiante e que deve servir de inspiração para todos. As vítimas não morreram em vão no Holocausto. Com determinação e muito trabalho, a luz pode triunfar sobre as trevas.
Rodrigo Constantino
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