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Por Lucas Berlanza, publicado no Instituto Liberal

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Havia muitos assuntos interessantes de que gostaria de tratar hoje neste espaço. Os fatos, por “dever de ofício”, me impuseram outro caminho. As más notícias e os embrulhos no estômago se acumularam na semana, e infelizmente temos de dar conta delas. A começar pela constatação de nossos eminentes deputados de que simplesmente o maior escândalo de corrupção da nossa história republicana, ao que parece, não representou nada.

Sim, senhoras e senhores. O resultado da Comissão Parlamentar de Inquérito acerca da farra de empreiteiras e políticos na Petrobras, que vem ocupando os noticiários e estarrecendo os brasileiros, foi, para nossa não tão grande surpresa, uma enorme e suculenta pizza. De acordo com matéria publicada no site da própria Câmara dos Deputados, foi aprovado por 17 votos a 9 o relatório final do deputado Luiz Sergio, do PT (!!!) do Rio de Janeiro. Foram OITO MESES de “trabalho” dos nossos laboriosos deputados. O resultado “isentou de responsabilidade em irregularidades na Petrobras o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli”. Isso mesmo. Até o ex-presidente da estatal, que, portanto, opera envolvendo o nosso dinheiro, não tem responsabilidade pelo achincalhe com o povo brasileiro que teve lugar por lá.

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Além disso, o resultado ignorou completamente os políticos investigados “por suspeita de envolvimento em recebimento de propina e não pede indiciamentos – apenas lista sugestões de indiciamentos apresentadas pelos quatro sub-relatores da CPI”. Acha pouco? Dá para piorar. Segundo o relatório, não houve “corrupção institucionalizada” na estatal, ao contrário do que esses falastrões da Veja, do Instituto Liberal e de onde mais for estão grasnando em nome de seu “neoliberalismo paranóico”. Não, cara pálida! Foram só casos isolados!!! O grande alvo do relatório, o grande vilão, o grande culpado, foi, na verdade, a OPERAÇÃO LAVA JATO! A operação que visa desmascarar essa extorsão monumental se excedeu nas delações premiadas – e isso é o que o timaço que analisou os fatos no nosso Parlamento entendeu por bem apontar como o problema principal na matéria.

Senhores, o Estado brasileiro, já paquidérmico e obtuso, está agora, mais do que nunca, surdo. Nunca o país expressou um brado de tanta vitalidade – o país, não o Estado, isto é, o povo, a gente de bem, e não a casta burocrática. Presenciamos, vivemos e construímos as três maiores manifestações da história do país. Declaramos para nossos governantes e para o mundo a nossa indignação com o desrespeito às contas públicas, o descrédito organizado e generalizado à autonomia individual e ao mérito, a degeneração moral e o aparelhamento das instituições, os desaparecimentos trilionários do orçamento,as infrações à Constituição e à Lei de Responsabilidade Fiscal, os impostos exorbitantes, as verbas destinadas a apoiar todo tipo de regime nefasto e autoritário da América Latina e alhures. E o que acontece? Somos obrigados a assistir aos deputados promovendo, por oito inúteis meses, um jogo de cena, para ao final tudo se provar apenas um achincalhe desolador! O que podemos concluir? Que, a respeito do Petrolão, nenhum dos cabeças teve culpa e nada existiu? Ao fim das contas, é como se esses oito meses tivessem sido uma ilusão coletiva; a CPI jamais aconteceu. Toda a elite lulopetista é um séquito de santidades transcendentes ao sistema mundano. Nada fizeram, nada souberam, nada é responsabilidade deles.

Por falar nisso, o “inocentado” ex-presidente e monarca emérito do país, o repulsivo Lula, que já vem colecionando bravatas a cada novo passo em sua direção desse odiado e tenebroso estorvo chamado Lava Jato – conduzido, segundo o petista Wadih Damous, por “fanáticos” da “República fascista do Paraná” que promovem a “espetacularização do Direito”, mesmo discursinho usado pelos petistas contra o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa no julgamento do mensalão -, esbraveja agora que “quem rouba não tem moral para atacar o PT”. Parece sugerir que os iguais não têm autoridade moral para se censurar mutuamente, ou seja, que o PT também é ladrão. Ou entendi errado? Eu não roubo, meu caro Brahma, e a maioria absoluta da população que protesta contra o governo dos senhores, quero crer, também não. Desistam de querer nivelar todo mundo ao seu padrão moral. Não somos iguais.

Ainda há, não podemos esquecer, Eduardo Cunha. O presidente da Câmara, cada vez mais enrolado com as investigações de suas contas na Suíça, segue em busca de uma barganha que possa ajudá-lo, e fez um aceno ridículo ao governo, dizendo que as pedaladas fiscais não serão motivo suficiente para impeachment de Dilma se a atuação direta da presidente não for comprovada. Naturalmente, deputado Cunha; o país mergulhado no caos, nada funcionando como deve, e eles nunca são culpados de nada! E quanto aos decretos que a oposição adicionou ao pedido, publicados em 2015, que aumentam gastos irresponsavelmente sem autorização do Parlamento em R$ 800 milhões, também podem não ser culpa da presidente? Talvez, quem sabe, ela tenha psicografado os decretos?

O jogo de Cunha, porém, não terminou. Ele, agora há pouco, voltou a confrontar o governo; disse que não entende pedirem sua renúncia, e não pedirem a de Dilma. Estamos de pleno acordo com ele a respeito. Por sua atuação na votação da maioridade penal, por HOJE se opor ao PT, por passar uma imagem de “conservador”- longe do conservadorismo político de verdade, ao estilo Burke, muito longe ainda de um Carlos Lacerda, a uma distância abissal, sabemos muito bem -, inclusive por algumas medidas ridículas e destrambelhadas como a tentativa de criar um dia do orgulho hétero, os esquerdistas mergulharam com facilidade no afã de querer destituí-lo de qualquer forma.

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O governo federal mais desastroso, inepto, canalha e que mais pesa sobre os ombros da população na história, ah, esse não pode cair. Pedir seu impeachment é golpismo. Quem acha que Eduardo Cunha é o maior problema do Brasil moderno, e que o PT cair ou não é um detalhe risível – especialmente aqueles que se jactam da suposta neutralidade do “não sou petista, mas” -, está sendo nada mais que imbecil. Eles estão rindo de você, de mim e de todos nós. Até quando?