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A "democratização" do ensino universitário: quando o igualitarismo mata o mérito
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Democratizar é o verbo preferido dos populistas, sendo que raramente eles entendem por democracia algo além da “vontade geral” de Rousseau, uma espécie de “ditadura da maioria”, ou pior, de uma minoria “esclarecida” que fala em nome da maioria. Quando a educação passou a ser alvo dos anseios por “democratização”, muitos viram aí a semente de sua morte. É impossível, afinal, educar todos de forma igualitária e no mesmo ritmo se não reduzirmos a qualidade do ensino ao menor denominador comum.

Pensei nisso ao ler a entrevista do professor Roberto Leher no GLOBO hoje. Ele será o próximo reitor da UFRJ, já um antro de “igualitários”. Lá na última pergunta ele solta a palavra mágica “democratização”, como se por si só ela dispensasse maiores explicações, evocando o nobre conceito de “justiça social”:

O senhor durante a campanha, como elogio e como crítica, era chamado de reitor ‘comuna’.A partir desta sexta-feira, a UFRJ trilha um caminho a esquerda?

Os princípios que a esquerda defende para educação pública vão ser buscados com empenho. Uma educação que assegure que a classe trabalhadora possa frequentar uma universidade pública de maneira plena. Queremos muito que a universidade tenha jovens negros, que venham da periferia, que a universidade se democratize.

Mas o que seria, exatamente, uma “universidade democrática”? Seria aquela em que a renda ou a classe social são levadas mais em conta do que o mérito dos alunos? Seria aquela em que a “raça” vale mais do que as notas individuais? Se uma universidade “democrática” é aquela em que os “negros da periferia” estudam, então uma universidade de “elite” seria uma formada por brancos dos centros urbanos? Faz sentido falar nesses termos tão… classistas, marxistas?

Peço auxílio àquele que foi reitor do prestigiado Colégio São Bento, o melhor do Rio de Janeiro nos rankings nacionais, e um dos melhores do país todo. Dom Lourenço de Almeida Prado já foi acusado pelos seguidores de Paulo Freire, ícone desse igualitarismo, de administrar uma escola “elitista”. Ele mostrou que o São Bento recebia muitos alunos pobres da periferia, mas que essa não era a principal linha de defesa: o igualitarismo com base na classe social simplesmente não deve ser uma meta das escolas e universidades.

Educar, afinal, é um ofício elitista à medida que já parte da premissa de diferenciação, ou seja, o alfabetizado já se destaca do analfabeto nesse quesito. Em seguida, uns serão médicos, outros advogados, e outros economistas. Novamente, diferenciação. Por fim, cada um chegará lá com diferentes trajetórias, com notas desiguais, com destaques distintos, com experiências únicas. Ou seja, em todos os sentidos, educar é segregar, no bom sentido, sem o conceito pejorativo dado pelos marxistas igualitários.

Mas quando a inveja domina o sujeito, a amargura vem com tudo, e em vez de enxergar as diferenças como complementares, essas pessoas passam a vê-las como fator de desunião, de ódio, de “luta de classes”. E Dom Lourenço sabia que os invejosos poderiam usar o conceito de “democratização” para destruir a própria educação:

Esse encantamento democrático pode ser usado por vocês, meus odiosos diabinhos, para impedir a educação. A educação é antidemocrática porque é criadora de diferenças. A escola não pode ensinar porque, se ensinar, estará gerando no aluno uma qualificação – um habitus – que outro não tem. A educação é elitizadora, portanto, é antidemocrática. A escola qualificada passa a ser uma agenda de discriminação. A escola, portanto, não deve ensinar, para não gerar diferenças. A democratização do ensino é tornar as escolas igualizadoras, que promovam a socialização e não ensinem.

O sonho de Paulo Freire e companhia: transformar as escolas numa arena para a luta de classes marxista. Quando o futuro reitor da UFRJ fala em “democratizar” a universidade, o que ele tem em mente, então? Uma sala de aula mais “democrática” seria uma sala em que todos tivessem notas mais ou menos parecidas, independentemente dos méritos e habilidades individuais? Seria uma sala com uma mistura de “raças” mais homogênea, independentemente da capacidade de cada um? É isso que ele tem em mente quando fala em “democratizar” mais a universidade?

Elite costumava ser um conceito nobre no passado. Ser parte de uma elite era se destacar em alguma coisa. A tropa de elite é a tropa mais qualificada da polícia. A elite intelectual é formada por aqueles que se dedicaram mais aos estudos. A elite financeira é aquela composta pelos que obtiveram sucesso em seus empreendimentos. Mas os marxistas invejosos detestam e demonizam o termo elite, tratado já como uma doença, como algo preconceituoso. Mesmo que muitos deles façam parte justamente dessas elites! Freud explica.

Educar é elitizar. Se uma pessoa se torna médica após vários anos de pesados estudos, ela está se diferenciando dos demais nesse campo do saber. O que seria uma maior “democratização” aqui? Achar que o jogador de futebol e o médico precisam tirar uma média de seus conhecimentos específicos, para que o cirurgião bata o pênalti no lugar do jogador e este faça a cirurgia no lugar do médico? Seria mais “democrático”, não é mesmo?

A esquerda tem esse incrível poder de estragar todos os conceitos nobres que ela toca. Elite vira doença preconceituosa, cidadania vira algo vazio e desprovido de sentido, liberdade vira escravidão, justiça “social” vira justificativa para crimes contra a propriedade privada, democracia vira ditadura da mediocridade.

O que deveríamos ter são melhores escolas de ensino básico, de preferência geridas pela iniciativa privada (e os mais pobres receberiam “voucher”), e depois a livre competição cuidaria de quem chega ao topo nas diferentes ocupações. Afinal, se o mais importante é a “democratização” com base no conceito marxista igualitário, o reitor da UFRJ jamais deveria ser um professor branco da elite, não é mesmo? Um analfabeto mulato representaria bem melhor a média nacional, e a UFRJ estaria, sem dúvida, mais “democratizada”…

Rodrigo Constantino

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