Se uma sociedade deseja prosperar, precisa alimentar a esperança nos mais jovens. Quando estes demonstram apatia, então é porque estamos em grave crise mesmo. E é, infelizmente, o que já está acontecendo no Brasil petista. Em pleno Dia do Trabalho, a taxa de desemprego divulgada mostra a crescente desocupação entre os mais jovens. Uma grande reportagem da Isto É tratou do assunto, e o quadro começa a ficar desolador para muitos jovens.
O caso deveria chamar a atenção pelo aparente paradoxo. Como diz a própria chamada, a falta de perspectiva assola a geração mais escolarizada do país. Ou seja, pessoas se formando e fazendo cursos de extensão, mas mesmo assim sem conseguir um emprego adequado. O que se passa? A educação não era a saída para todos os nossos problemas?
Na verdade, a reposta é não. Claro que oferecer bons cursos e formar os jovens no meio universitário é parte da solução, mas não basta. Nem de perto. Em primeiro lugar, é preciso questionar qual educação estão tendo, ou seja, se saem das faculdades aprendendo conteúdo realmente útil no mercado de trabalho, ou se “aprendem” um monte de besteira, de ideologia marxista ou coisas do tipo, úteis apenas para quem costuma descolar uma boquinha estatal.
Mas mesmo deixando de lado a questão da qualidade do ensino, pois vemos que o problema existe nas áreas mais exatas também, e não apenas nas humanas, a situação do jovem no mercado de trabalho não será das melhores se houver pouca liberdade econômica. O excesso de “conquistas trabalhistas” tem um alvo primordial: o jovem.
Ora, ele adentra o mercado de trabalho com menos experiência, pois ainda está em fase de formação profissional. Mas vai competir por vagas com gente mais experiente, mais velha. Como ter sucesso? A forma de o mercado resolver isso é diferenciando as recompensas. Mas é justamente isso que a esquerda tanto condena. É preciso mais igualdade, um monte de “conquistas” impostas pelo estado a todos. Qual a decisão lógica do empregador?
Escolher os mais experientes, claro! Até porque é muito caro treinar a mão de obra, contratar e, principalmente, demitir no Brasil. Como os jovens terão naturalmente maior rotatividade nas empresas, pelo fato de estarem em fase de experimentos para ver o que realmente desejam fazer, e agravado pela nova geração cada vez menos apegada às coisas e mais dinâmica, parece evidente que as empresas irão preferir os mais velhos na hora de ocupar o cargo disponível. Diz a reportagem:
Esse fenômeno não é privilégio do Brasil. Em todo o mundo, os profissionais em início de carreira são considerados o segmento mais afetado pelas ondas de desemprego. A crise econômica que abalou o mundo em 2008 fez a taxa de desemprego entre jovens alcançar percentuais entre 40% e 50% em países como Portugal e Espanha. “No Brasil não é diferente, os jovens ganham pouco e têm menos oportunidades no mercado”, afirma Lúcia Garcia, do Dieese.
A Europa é um ótimo exemplo das mazelas que esse modelo de estado de bem-estar social pode causar. As leis trabalhistas desses países também são muito rígidas, e os fortes sindicatos conseguiram impor um monte de “vantagens” legais. Mas quem paga o pato? Quem acaba sem emprego depois? O mais jovem. Aquele que aceitaria condições menos favorecidas justamente porque está no começo da carreira, aprendendo, ganhando experiência, focando no longo prazo. E a prova de que o maior problema está nos obstáculos legais criados é esta:
Uma das consequências mais graves do crescimento da taxa de desemprego é o aumento da informalidade. Um estudo da OIT divulgado na quarta-feira 22 revelou que existem hoje pelo menos 27 milhões de jovens na América Latina que trabalham em condições informais. O relatório estimou que seis em cada dez postos de trabalho disponíveis para essa faixa etária são empregos com baixos salários, sem contratos, estabilidade, proteção social ou direitos trabalhistas.
Ou seja, o governo cria inúmeras regalias chamadas de “conquistas trabalhistas” pelos sindicatos, e o jovem inexperiente acaba jogado para a informalidade. Parece promissor? Parece humano? Mas são os liberais que acabam acusados de insensíveis com o trabalhador, ou defensores dos empresários gananciosos. Esses críticos do capitalismo liberal não entendem – ou não querem entender – que é o empresário que cria oportunidades para os trabalhadores, e que quanto mais ele for punido pelas leis, pior será a situação para os trabalhadores, especialmente os menos experientes, que agregam menos valor. Mas alguns nunca aprendem mesmo:
Diante de um cenário tão desanimador, a questão é como criar alternativas para resolver o problema. Segundo Ruy Braga, professor da Universidade de São Paulo (USP) especializado em Sociologia do Trabalho, seria preciso regular o mercado de trabalho e não flexibilizá-lo. “Porque cada vez que se flexibiliza também se desestimula a empresa a investir em ciência e tecnologia e em ganhos de produtividade.”
Como alguém pode defender mais regulação ainda no mercado de trabalho brasileiro? Quando se flexibilizam as leis trabalhistas, os mais jovens saem ganhando, pois os empresários poderão ajustar suas recompensas de acordo com o que efetivamente contribuem para a empresa, levando-se em conta que ainda são pouco experientes. A terceirização também atende a essa mesma lógica.
Não obstante, os sindicatos e os sociólogos de esquerda querem mais regulação, mais “conquistas” legais, sempre olhando para o empresário como um explorador, fruto do ranço marxista. O resultado está aí: uma juventude formada, cheia de conceitos marxistas na cabeça, e sem oportunidades de trabalho, o que retira aquilo que é mais importante para ela: a esperança num futuro melhor.
Rodrigo Constantino
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