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A homofobia africana: um impasse para a esquerda caviar

A esquerda caviar, sempre politicamente correta e falando em nome das “minorias”, costuma abraçar bandeiras muitas vezes contraditórias. É que não dá para apoiar duas “minorias” conflitantes ao mesmo tempo, e isso muitas vezes acontece.

Por exemplo: a feminista ocidental deve se colocar do lado da “minoria” islâmica contra o Ocidente, ou do lado das mulheres muçulmanas que são marginalizadas em várias culturas islâmicas? Outra: o racialista ocidental dará mais peso à “raça” ou à liberdade individual suprimida em tiranias africanas lideradas por negros?

Ou ainda: o ambientalista ocidental vai enaltecer regimes socialistas que poluem bem mais em termos relativos ao que é produzido, ou vai reconhecer que é no próprio capitalismo que o ambiente costuma merecer mais respeito e cuidados?

Tais dilemas não devem ser fáceis de digerir para os “coletivistas do bem”. São muitas “minorias” e causas para defender, e sem um foco na menor minoria de todas – o indivíduo -, ou sem um instrumento objetivo de julgamento moral, o pobre esquerdista se vê muitas vezes diante de um impasse.

Como agora no caso da Uganda, país que promulgou novas leis reprimindo a homossexualidade. A África é o continente mais homofóbico que existe. Os relacionamentos homossexuais são ilegais em 36 dos 55 países africanos, de acordo com a Anistia Internacional. Em alguns casos o “crime” é punível com a morte.

Os Estados Unidos ameaçam retaliar a Uganda. O ministro da Ética e da Integração do país africano disse que se trata de chantagem, e perguntou: “Eles ficariam confortáveis se fossemos para os Estados Unidos e começássemos a praticar a poligamia? A homossexualidade é estranha para nós e a poligamia é estranha para vocês. Temos visões divergentes”.

Como um típico multiculturalista ocidental responderia a isso? Não é exatamente o tipo de discurso que os multiculturalistas usam para defender atrocidades em culturas diferentes, tal como a mutilação genital feminina praticada em parte do Islã, e negar qualquer superioridade ocidental? E como o multiculturalista politicamente correto pretende se reconciliar com o movimento gay? E como o movimento gay pretende se reconciliar com os racialistas?

As feministas ocidentais cospem no Ocidente, que seria machista, e ignoram as culturas em que as mulheres realmente são cidadãs de segunda classe. Os ativistas gays ocidentais cospem no Ocidente, que seria homofóbico, e ignoram as culturas em que os gays chegam a morrer por sua “preferência” sexual. Os militantes negros ocidentais cospem no Ocidente, que seria racista, e ignoram as culturas em que os negros vivem ainda como escravos de outros negros.

Qual a lógica disso? Como a esquerda caviar pretende sair deste impasse? Defende o multiculturalismo ou condena o atraso africano em relação aos gays? Defende o multiculturalismo ou condena o atraso islâmico em relação às mulheres? Defende o multiculturalismo ou condena o atraso africano em relação à democracia? É tudo culpa dos homens brancos cristãos do Ocidente?

Fica bem complicado sustentar tanta incoerência, não é mesmo? Onde, senão no próprio Ocidente dos homens brancos cristãos, as mulheres, os gays, os negros e os antirreligiosos encontram ampla liberdade? Mas a realidade não serve à causa da vitimização das “minorias” no próprio Ocidente. Então pro inferno com ela!

Rodrigo Constantino

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