Após décadas de hegemonia esquerdista, com o PSDB e o PT no poder, e do caos produzido pelo nacional-desenvolvimentismo populista de Lula e Dilma, os brasileiros buscam uma alternativa à direita. O advento das redes sociais permitiu a divulgação em massa da doutrina liberal clássica, até então uma ilustre desconhecida da população, sempre distorcida pela ignorância ou má-fé de nossos “intelectuais”.
É nesse cenário que, como colocou Gustavo Franco em entrevista recente, quase todos querem vestir a jaqueta liberal. Franco, que largou o PSDB pelo Partido Novo justamente por se alinhar mais ao liberalismo, sabe que nem todos, porém, têm convicção nessas ideias. O oportunismo de alguns é evidente, ainda que sinal de um liberalismo finalmente mais popular. Se João Amoedo, do Novo, tem em seu DNA o liberalismo, presente na fundação do partido, o mesmo não se pode dizer de outros nomes. Paulo Rabello de Castro, possível candidato pelo PSC, até tem um histórico liberal, e é autor do livro O mito do governo grátis, mas escorregou feio em declarações recentes como presidente do BNDES, defendendo seu indefensável legado da era petista. Liberal, pero no mucho!
Jair Bolsonaro possui um histórico de pensamento nacionalista, que chegou ao ápice quando disse que a privatização da Vale foi um crime de “lesa-pátria”. Justiça seja feita, ele vem evoluindo faz tempo, reconhece sua ignorância na área e se cercou de bons economistas liberais, indicando que gostaria de ter Paulo Guedes no Ministério da Fazenda. Guedes é um liberal acima de qualquer suspeita, da escola de Milton Friedman em Chicago.
Algum candidato deverá representar o atual governo, talvez Henrique Meirelles, pelo PSD. A gestão Temer iniciou algumas reformas de cunho liberal, ainda que tímidas. A turma não convence muito, mas ao menos tenta se aproximar do liberalismo de forma pragmática, coisa que os tucanos não têm coragem de fazer. O PSDB saiu em defesa das politicas sociais para “redistribuição de renda” em nome da igualdade, bandeira claramente de esquerda.
À esquerda do PSDB, também temos possíveis candidatos flertando parcialmente com o liberalismo econômico. Luciano Huck, que diz ter desistido de ser candidato, tinha Arminio Fraga como mentor econômico, e Marina Silva, ex-petista e defensora do MST, tem Eduardo Giannetti como guru, que no passado chegou a defender ideias mais liberais.
Como se pode ver, diversos querem tirar uma casquinha do liberalismo. Como alguém que é liberal desde que se entende por gente, e um defensor incansável da causa, só tenho a comemorar. Mas com um pé atrás: discursos não bastam, e o Brasil precisa de um choque radical de liberalismo, pois estamos mais distantes dele do que Plutão da Terra!
Artigo originalmente publicado na revista IstoÉ
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