Por Bruno Maceió, publicado pelo Instituto Liberal
Em primeira mão, os leitores terão acesso agora à exposição de motivos de uma minuta de Projeto de Lei vindo da Presidência que não chegou a sair por motivos incompreensíveis. A minuta chegou até mim por meio de uma fonte sigilosa que possuo na Casa Civil. Entre outras coisas, o Projeto de Lei determina que, a partir da data de sua publicação, dois mais dois seriam iguais a cinco. Aí vai.
“Senhora Presidenta (sic),
É com profunda satisfação que apresentamos proposta de Projeto de Lei em tela que corrigirá uma injustiça que vem ocorrendo há décadas e que prejudica principalmente as camadas mais pobres da população e a classe trabalhadora.
Por séculos, os empresários vêm se utilizando do truque matemático que causa a impressão de uma escassez artificial, que na verdade nunca deveria existir.
Com a implantação deste Projeto de Lei, a soma 2 + 2 = 4 não terá mais valor e passará a ser reconhecida como o que realmente é: um artifício usado para criar a impressão de escassez de recursos que prejudica a classe trabalhadora e escrita deliberadamente em linguagem matemática, que todos hoje sabem tratar-se mais de um código secreto ao qual a imensa maioria da classe trabalhadora não tem acesso, e utilizado para justificar e perpetuar o sistema de exploração.
Portanto, com o novo Projeto de Lei, Senhora Presidenta (sic), passaremos à situação onde 2 + 2 = 5 (ou dito de outra forma, para os não iniciados em códigos matemáticos: dois mais dois serão iguais a cinco). Essa situação leva o Brasil para a direção de mais justiça social que queremos, pois o que é fundamental é que os resultados a serem obtidos serão sempre superiores ao somatório dos recursos utilizados para obtê-los.
Dessa forma, não terá a menor importância que, por exemplo, um empresário demonstre que o somatório de seus custos não é suficiente para manter os trabalhadores que emprega, pois o empresário a partir de agora saberá que dois mais dois são cinco e que, portanto, cabe a ele manter os trabalhadores porque o resultado final de suas receitas será sempre superior ao somatório de cada venda individualmente considerada, e ponto.
Ainda, a parte reacionária da imprensa que aponta injustamente como “elevados” os vencimentos dos servidores públicos não poderá alegar que o país não possui recursos para arcar com as novas despesas de contratações por concurso público e nossa política de aumento de salários (inclusive do salário mínimo), pois com o novo Projeto de Lei o resultado da economia será instantaneamente maior do que a soma de suas partes. Dito de outra forma, não importa o quanto um trabalhador produza, ele sempre receberá mais do que o que for produzir. Esse é o corolário natural do Projeto de Lei. (…)”
A minuta de Projeto de Lei segue com suas 89 páginas no mesmo tom e tecendo loas à nova medida. O porquê ele ainda não foi publicado permanece um mistério. Talvez o Edward Snowden saiba, mas não tenho falado com ele já faz um tempo. Tenho quase certeza de que ele cortou o contato comigo porque fui dizer a ele que achava que a Rússia deveria ser um saco. Se alguém o vir, por favor mande lembranças minhas. É um bom sujeito.
PS: este é um texto de ficção. Todos sabem que nada assim jamais poderia ser proposto neste governo. Nunca. Jamais.
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