Muitos leitores admiram a minha paciência, por ficar sempre lendo e refutando as baboseiras que a esquerda escreve. Mas eu admiro a paciência de outros economistas, que mergulham em detalhes para derrubar falácias da “turma da Unicamp”, aquela “desenvolvimentista” que colabora com o atraso do país há décadas. Hoje mesmo temos dois casos na Folha.
Num deles, o ex-diretor do BC, Alexandre Schwartsman, usa a lógica e a aritmética – duas coisas detestadas pelos “inflacionistas” – para esfregar os absurdos por eles defendidos na cara de pau de Belluzzo, o Dr. Bellezza, aquele que teve enorme influência nas trapalhadas de Dilma e agora se faz de sonso. Diz Schwartsman, após alguns cálculos básicos:
A variação da razão dívida-PIB, portanto, depende da taxa real de juros (a que desconta o efeito da inflação). Nesse aspecto, a medida de deficit operacional (que justamente faz esse procedimento) é sempre a mais adequada para explicar a evolução das contas públicas, mesmo quando a inflação é moderada, ao contrário do que dizem os autores.
Ocorre que, sob essa circunstância, não há muita diferença entre usar os números com ou sem ajuste à alta de preços. Isto dito, só quem não entende do riscado pode argumentar, como Dr. Bellezza e seu cúmplice, que a inflação no Brasil, 9,93% nos últimos 12 meses, seria “moderada”.
Dado seu conhecido desrespeito à aritmética, não me espanta que a incompetência do Dr. Bellezza tenha conseguido mandar o Palmeiras para a Segundona. Difícil é entender como ainda permitem que ele insista em fazer o mesmo com o Brasil.
No segundo caso, Felipe Salto e Marcos Kohler refutam as incríveis atrocidades proferidas pela professora Laura Carvalho, da USP, mas que por ideologia tem afinidade com a tal “turma da Unicamp”. A mulher simplesmente acha que não dá para crescer com austeridade fiscal, e que limitar o tamanho da dívida pública é coisa de “neoliberal” ortodoxo, não de quem tem simplesmente bom senso. Dizem os economistas:
A autora crê que a responsabilidade fiscal é incompatível com o crescimento. Ora, ter um Estado eficiente na utilização dos recursos, sempre escassos, é condição necessária para que a economia cresça de forma sustentada.
Sua afirmação de que só sete países têm limites para a dívida é falsa. São muitos mais, inclusive os que integram a União Europeia, que adotou sistemática semelhante ao modelo do PRS.
A experiência da Europa mostra que a retomada do crescimento tem sido compatível com a fixação de limites de endividamento. A Irlanda, por exemplo, cresceu 5,2% em 2014, enquanto sua dívida caiu em 2,5 pontos de percentagem do PIB.
Já a dívida bruta brasileira passou de 51,8% para 66,0% do PIB entre dezembro de 2010 e setembro de 2015. Nesse período, a economia começou a submergir.
De fato, como alguém pode, em pleno século XXI, acreditar que inflação e dívida pública crescente são coisas positivas para o crescimento de uma nação a médio e longo prazos? Só quem nunca aprendeu nada de economia mesmo! “Ao imaginar um futuro erigido sobre dívida e inflação, a autora parece não enxergar as evidências do fracasso das políticas que defende”, concluem.
E eis meu ponto: haja paciência para derrubar as besteiras que os “inflacionistas” pregam, fracasso após fracasso. Das duas, uma: ou são pessoas com inteligência extremamente limitada por não terem aprendido com tantos erros do passado e com as próprias teorias econômicas decentes; ou lhes falta honestidade intelectual, e defendem os absurdos que defendem por outros motivos e interesses obscuros.
Infelizmente, alguém tem que fazer o “trabalho sujo” de não só ler as porcarias que essa gente escreve, como também refutá-las. Afinal de contas, eles ainda gozam de espaço na imprensa e na academia para disseminar suas falácias como se verdades fossem, influenciando um monte de leigos e desavisados por aí. Por isso admiro a paciência dos economistas sérios que se decidam a essa hercúlea missão…
Rodrigo Constantino
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