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Por Fernando Fernandes, publicado pelo Instituto Liberal

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Não há como não iniciar o ano de 2016 sem realizar intensos questionamentos sobre o futuro da nação brasileira. Se formos enumerar, teríamos para serem resolvidas: a crise econômica; a crise entre os poderes da República; a crise de legitimidade; e a mãe de todas as crises, a crise moral. Todas essas aflições têm açoitado o Brasil e mancham de vergonha o nosso futuro.

O trôpego despertar de 2015, suas vitórias e suas derrotas, nos deixam com certo amargor nos lábios. Um grande esforço se fez e, mesmo com a população brasileira engajada massivamente nos movimentos de rua, os resultados concretos e imediatamente identificáveis são duvidosos. De Curitiba, as notícias são melhores. Políticos, doleiros e empresários presos, mas persiste a descrença de que o juiz Sergio Moro, o Ministério Público Estadual e a Polícia Federal tenham condições de vencer um sistema corrupto de poder instituído pelo comuno-petismo.

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Todo este cenário nos impõe uma necessária reflexão: como lutar por liberdade contra um “moderno príncipe”? Ou seja, para quais sentimentos recorrer para enfrentar a realidade política brasileira e todas as consequências nefastas para a República, para democracia e, em última análise, para Liberdade?

É justamente disso que trata o conteúdo original da NETFLIX, Winter on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom (Inverno sob fogo: a luta da Ucrânia pela liberdade, em tradução livre). O documentário narra, com imagens vivas, a história dos incríveis noventa e três dias de bravura, determinação e heroísmo do povo ucraniano na luta por liberdade. Depoimentos viscerais e relatos emocionados compartilham a mistura de medo e coragem de algumas das milhares de pessoas reunidas na Praça Maidan para protestar contra o governo de Vitor Yanukovych que vinha se afastando do ocidente e da União Européia, estreitado seus laços – com doses de subserviência – com Vladmir Putin e a Rússia.

Os protestos tiveram início em novembro de 2013, quando o corrupto presidente pró-russo não assinou um acordo de livre-comércio com a União Europeia. Os manifestantes pediram a derrubada do presidente Yanukovich, de seu governo e do seu aparelho corrupto de Estado. Uma vez que nem o inverno rigoroso e suas constantes temperaturas abaixo de zero, nem a demora em obter soluções enfraqueciam os ânimos anti-governo e anti-Rússia daqueles que se reuniam na Praça da Independência, o governo recorreu à violência como modo de dissuasão.

Milícias identificadas com o governo e a unidade policial de elite, Berkut, passaram a ser o mecanismo de repressão utilizado contra os manifestantes pacíficos. A violência estatal e o barbarismo dos governistas, claramente identificadas no documentário, não foram suficientes para arrefecer as vozes que se reuniam na praça, centro político e peça chave da independência do país nos anos 90. Ao contrário, o movimento se radicalizou em nome dos filhos de Maidan e do futuro da Ucrânia.

Naturalmente, o que aconteceu em Maidan não tinha pureza ideológica. Havia de tudo na praça, religiosos, tradicionalistas, nacionalistas, anticomunistas e até membros da aliança antifascismo – ironicamente identificados com a esquerda no mundo inteiro. Ora, é de se esperar que grandes levantes populares necessariamente sejam repletos de incoerências internas e divergências de opinião.

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Entretanto, em tempos em que o Brasil se vê lutando por sua Liberdade, contra seu governo e enfrentando a truculência política em vários níveis – STF, sindicatos, ambientes universitários, dentre outros, ainda que não seja a violência física de Maidan – é necessário recorrer ao voluntarismo e à coragem daqueles que derrubaram a estátua de Lênin na Praça da Independência tem o condão de restaurar os ânimos dos brasileiros para seguir adiante.