Poucas coisas me irritam tanto quanto o relativismo dos “moderados” e “neutros” que dizem que todos os partidos são iguais, que sempre houve corrupção mesmo, tentando, com isso, aliviar a barra do PT, uma espécie de quadrilha disfarçada de partido político. A quem interessa isso, justo quando temos no poder, há 13 anos, essa turma desviando bilhões em mensalão, petrolão, eletrolão e BNDESzão? Quem adota esse discurso pode fingir o quanto quiser, mas não passa de um petralha.
Que sempre houve corrupção no Brasil todos sabem, até as pedras. Mas que o PT trouxe inovações perversas nesse campo, isso é inegável. Para começo de conversa, na magnitude. Antes, um escândalo de bilhão era raríssimo. Hoje, um gerente qualquer da Petrobras devolve cem milhões de dólares da Suíça. Milhão virou trocado, e os desvios são na casa dos bilhões, todos eles. Nunca antes na história deste país se roubou tanto.
A segunda inovação foi a justificativa “moral” para tanta roubalheira. Seguindo a lógica revolucionária marxista de que ética burguesa não presta, e que roubar em nome da causa é legítimo, essa turma fez esse estrago todo com a consciência limpa, tratando os bandidos como heróis de forma cínica e hipócrita. São bandidinhos, batedores de carteira (na casa dos bilhões), que ainda se julgam defensores do povo, altruístas. A canalhice nunca foi tanta. A corrupção se banalizou com o PT no poder.
Por fim, há a questão da institucionalização da corrupção. Ela se alastrou por toda a máquina estatal, por cada canto do governo, devido ao seu aparelhamento. Como um câncer, o PT foi tomando cada nova célula estatal e lá deixando sua marca sindical, pelega, oportunista. Nenhum outro partido tinha realizado um assalto ao estado tão completo.
Na coluna de hoje, o “boa praça” Nelson Motta fez um excelente resumo dessas inovações todas, rebatendo aqueles que dizem que o PT é igual aos outros, e chamou de “nova matriz moral” essa mudança realizada pelo partido no poder. Seguem alguns trechos:
Roubar, sempre se roubou, e muito, no Brasil. Na era Lula, a novidade foi a introdução de uma nova categoria moral, o “roubo pela causa”, que se justifica pela nobreza dos seus objetivos e faz de seus autores guerreiros do povo brasileiro.
[…]
Outra novidade, que ajudou a gestar a crise política e ética que nos assola, foi a institucionalização da corrupção, ocupando cargos importantes em todo o governo e usando-os para enriquecer o partido — e eventualmente alguns “guerreiros”, que ninguém é de ferro.
[…]
Uma parte dessa “nova moral” da era Lula certamente vem de suas origens sindicais, em que o certo, o direito e o justo é conseguir o melhor para seus companheiros, e o resto que se dane. A outra parte parece uma herança dos tempos da luta armada, quando a palavra de ordem era “O que é o roubo de um banco comparado à fundação de um banco?”, de Bertolt Brecht.
Motta conclui com a fala de Marcelo Odebrecht, de que puniria mais a filha delatora do malfeito do que a que o praticou. É a “moral” da máfia, do omertà, da família Soprano, do silêncio dos coniventes. Para Nelson Motta, isso é prova de que vivemos numa cleptocracia, “onde quadrilhas disputam territórios e saqueiam o Estado para se manter no poder”. E isso foi escancarado, potencializado, expandido, pelo PT no poder. Nunca antes…
O estrago econômico causado pelo PT é enorme, e estamos começando a ver isso com a crise que nos assola e assusta. Mas sempre disse e repito: o maior estrago nem é o econômico, mas o moral. O PT no poder trouxe o que há de pior no brasileiro à tona, fomentou a canalhice geral, o oportunismo imoral, a indecência, o “vale tudo” para se dar bem, a vitimização dos marginais, a inversão de valores. Pior do que a “nova matriz macroeconômica” é a “nova matriz moral”, que representa o oposto da verdadeira moral.
O PT é imoral, falso, cínico, e seus métodos e sua postura influenciaram o país todo. Claro, nenhum partido com tais características chega e fica no poder tanto tempo numa democracia sem a cumplicidade dos eleitores. Isso diz muito do próprio Brasil, sem dúvida, e de seu pouco apreço pela ética “burguesa”. A simbiose foi terrível, e não é justo culpar apenas um lado. Mas não resta dúvidas de que o PT acabou estimulando, e muito, a pouca vergonha no país. Levaremos décadas até recuperar certos valores básicos…
Rodrigo Constantino
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