O carnaval serve para suspender as angústias do cotidiano por alguns dias, subverter as regras, substituir a ordem pelo caos libertino momentâneo. Trata-se de uma homenagem dionisíaca à vida, num excesso que flerta com a “pulsão de morte”, justamente porque é uma fuga temporária.
Mas e quando a rotina é o próprio caos? E quando a ordem já nos abandonou por completo faz tempo? Nesse caso, a festa perde seu sentido. E é justamente o que se passa com o Brasil, especialmente com o Rio. Estado falido, entregue aos marginais, moralmente degradado, mergulhado na violência: vai festejar o que exatamente?
O problema não é a semana do carnaval em si, mas as outras 51 semanas do ano, que definitivamente não são uma boa ideia. A festa mais importante do País ilustra bem a raiz do mal: escolas de samba controladas por criminosos em conluio com o estado, mídia hipócrita conivente de olho no lucro, comportamento hedonista irresponsável do povo, porcalhões sem educação ou qualquer respeito pelo próximo, enredos politizados e dominados por esquerdistas que se sentem confortáveis em detonar aqueles que marcharam pelo impeachment do governo mais corrupto e autoritário da história.
Enquanto os desfiles com recursos públicos e mensagens “lacradoras” encantavam a turma do Projaquistão, a violência corria solta do lado de fora, com arrastões, assaltos e invasões a estabelecimentos comerciais. Nunca causa e efeito ficaram tão evidentes. A esquerdopatia da elite que vive em sua bolha “progressista” responsável pela desgraça da “cidade maravilhosa”, largada às traças. Mas tudo ao ritmo de samba (ou funk) e com muita vulgaridade, claro. Vai, malandra!
Todo mundo que já tomou um porre sabe como a ressaca é desagradável, mas também necessária para limpar o organismo. É preciso expelir os excessos. A alternativa é conhecida: evitar a ressaca mantendo-se bêbado, sob a “euforia perpétua”. O problema, claro, é que ela é insustentável, vai apenas aumentar a ressaca depois, ou quiçá causar uma cirrose hepática fatal.
O brasileiro quer se manter eternamente iludido. Não quer, por exemplo, enfrentar a bomba-relógio da Previdência Social. Não quer falar em reduzir privilégios do setor público para valer. Não quer cortar verba para ONGs, Lei Rouanet, empregos em estatais, nada disso. Se a farinha é pouca, meu pirão primeiro! Tampouco o brasileiro quer encarar a decadência moral da Nação, essa pouca vergonha disfarçada de liberdade.
Estou generalizando, claro. Muitos brasileiros se incomodam com tudo isso e querem mudanças. Alguém fica surpreso com as intenções de voto naquele pré-candidato que fala mais grosso contra os bandidos, que clama por ordem e que desafia a baixaria protegida pelo politicamente correto?
Artigo originalmente publicado na revista IstoÉ
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS