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A seita da maçã: o legado de Steve Jobs continua…
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Quando Steve Jobs morreu, escrevi um obituário elogioso. Afinal, o empreendedor revolucionou o mundo da tecnologia. Confesso que fui um “convertido” tardio: muitos já eram fãs dos produtos da Apple quando ainda não eram “mainstream”. Quando os descobri, foi caso de paixão à primeira vista. Tudo era muito funcional, com belo design, inovador e com “devices” interligados. Bem-vindo ao mundo da Apple!

Mas sempre fiquei incomodado com o grau de fanatismo de alguns. A Apple, para eles, não era uma empresa bem-sucedida, mas uma seita religiosa. Se a Apple desafiou a gigante IBM no passado, com uma irreverente propaganda durante o Super Bowl de 1984, tratando os consumidores da IBM como zumbis, foi a vez de a Motorola ironizar os “zumbis” da Apple em comercial recente também no Super Bowl:

httpv://youtu.be/ZBUoLYOWR8I

O fato é que a Apple se tornou uma espécie de seita religiosa mesmo. Há quem não consiga esperar um dia para comprar alguma novidade da empresa, dormindo em frente à loja para ficar na fila no dia seguinte. O que é isso? Que tipo de buraco isso está tampando?

João Pereira Coutinho, em sua coluna de hoje na Folha, atacou a nova religião da maçã. A começar pelo próprio símbolo: o fruto proibido que Jobs teria mordido, apresentando-se como o paladino do conhecimento. Depois, suas aparições, em ambiente escurecido com luz celestial sob sua cabeça, “falando do palanque como o pastor fala com seu rebanho”.

Para Coutinho, a forma pela qual os novos produtos da Apple são apresentados ao mercado não é nada racional. O “brinquedo” é tratado como algo transcendental, a relíquia de um santo, “prometendo milagres que a humanidade jamais experimentou”.

Ou seja, para o colunista, estão enganados aqueles que pensam que o declínio das religiões tradicionais do Ocidente libertou o homem de qualquer crença. O caso da Apple seria prova de uma adoração infantil, com a peregrinação de crentes aos locais sagrados – suas lojas. Impacientes, essa turba ensandecida precisa colocar as mãos na incrível novidade antes dos demais fiéis.

Não é de minha personalidade buscar seitas fanáticas de tipo algum, seja nas próprias religiões, seja em ideologias, na política, no futebol ou em alguma empresa. Fico incomodado com qualquer tipo de fanatismo, para falar a verdade. Esse artigo é para criticar, portanto, a seita da maçã. É um sintoma da era moderna, sem dúvida.

E queria também, admito, desabafar, pois se antes eu ficava encantado com os produtos da Apple, cujo computador podia ficar o tempo todo ligado e rapidamente entrava em funcionamento, hoje a conexão por Wi-Fi vive caindo quando o computador entra no descanso de tela, e tenho que reiniciá-lo para a internet voltar a funcionar. Não consigo resolver o problema. Mais um “deus” que falhou…

Rodrigo Constantino

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