Feliz ano novo, brasileiros! Com o fim do Carnaval, começa oficialmente 2016 para muitos, que antes estavam imersos num sonambulismo invejável. Um mundo de fantasias em que o Brasil vai bem, o PT é mesmo o Partido dos Trabalhadores, Dilma é mesmo uma gestora eficiente e ética e Lula é mesmo um líder imaculado preocupado com os mais pobres, diferente dos 300 picaretas que ele denunciava no passado.
As notícias são avassaladoras para essa gente, e sem o batuque da Mangueira não será mais possível evitar o som que vem da Lava-Jato. Sem o cheiro de xixi nas ruas dos foliões porcos não dará mais para fingir que o cheiro de podridão não tomou conta de todo o PT. A imagem de Lula está em putrefação, e todo o esforço de narrativa vitimista da gangue não será suficiente para salvá-lo.
Ricardo Noblat, em sua coluna de hoje, descreve os detalhes que colocam Lula em posição bastante delicada com o sítio e o tríplex, fatos divulgados pela imprensa que tornam mais do que inverossímil qualquer tentativa de aliviar a barra do ex-presidente; seria simplesmente ridículo tentar fazê-lo. E conclui:
O problema? De volta ao futuro: a gentileza de construtoras clientes do governo em beneficiar imóveis de um ex-presidente. Cheira mal. Aí tem…
Como Lula, logo Lula que denunciou a existência de 300 picaretas no Congresso, chamou Sarney e Collor de ladrões, subiu a rampa do Palácio do Planalto como se fosse o mais imaculado dos políticos, diz-se a alma mais honesta do país; como ele poderá admitir que pediu ou aceitou favores de construtoras, e que foi promíscuo, sim, ao misturar o público com o privado? Logo ele? Também Lula?
Pois é disso que se trata – por enquanto. Seus correligionários querem transformá-lo em vítima de um complô urdido para destruir a maior liderança popular que o país jamais teve. Ora, faça-me o favor… Lula é uma vítima dos seus próprios erros, de sua ambição desmedida, de sua vaidade, e de sua falta de compromisso com princípios e valores. A máscara dele caiu.
Sim, a máscara caiu. Para quem é mais atento, ela já caiu faz tempo. Mas é inegável que muitos ainda flertavam com essa imagem meticulosamente construída por “intelectuais” e com o próprio Lula atuando bem no papel do personagem que lhe deram na farsa circense. O “homem do povo”, o operário humilde que sempre lutou contra as “elites” para ajudar os mais pobres, o abnegado e imaculado que só queria dar mais oportunidades para os que nunca as tiveram: que tentador acreditar nesse conto de fadas!
Mas era tudo enredo de um samba fictício, de uma marchinha de carnaval feita para encantar os trouxas, uma espécie de música de Chico Buarque escrita para acalentar os corações românticos dos bobos e permitir o avanço do “companheiro” rumo ao poder e às riquezas que ele permite. E agora, ironia das ironias, Lula virou a Geni, e todos jogam pedras no homem, revoltados com o cinismo, com as mentiras, com o embuste.
A ambição desmedida costuma acabar mal, ainda mais se o único grande talento do indivíduo é enganar os outros, vender sonhos impossíveis, usar o carisma para enfiar populismo goela abaixo dos otários. Uma pessoa dessas pode até conseguir vender uns mil terrenos na Lua, mas eventualmente será descoberta sua farsa, e os inquilinos idiotas irão se rebelar, demandando a cabeça do vendedor safado.
Acabou o Carnaval. Principalmente o do PT. E seu líder máximo vê sua máscara indo ao chão. Os “intelectuais” esperneiam, pedem a volta do samba, não querem acreditar na ressaca que se impõe. Mas podem espernear a vontade, porque o mito vem abaixo como um castelo de cartas. Sabem aqueles 300 picaretas, que usavam a política só para se dar bem, para enriquecer, para viver no “bem bom” enquanto falavam em nome dos mais pobres? Podem acrescentar mais um nome à lista. De preferência no topo dela, pois ele merece…
Rodrigo Constantino
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